Inauguramos aqui um novo espaço em nosso blog. A coluna "Faixa a Faixa". Destacaremos sempre um álbum na íntegra e este será comentado ou por seus autores ou mesmo por nós ouvintes, amantes sobretudo destas pérolas que tanto nos engrandecem ou no mínimo nos deixam com a sensação extasiante de poder fazer parte deste mundo surpreendente da música.
Tomo a liberdade de começar com um disco que fiz parte de todo o processo de realização e composição dos arranjos de teclados de algumas músicas. A banda se chama Kernunna, foi criada em Varginha e teve participações especiais de vários músicos pelo Brasil a fora. Saiba mais no site oficial abaixo. Para este primeiro trabalho a banda lançou o interessante álbum - The Seim Anew.....Certamente uma viagem sonora e astral pelo mundo do progressivo rock e afins......
http://www.kernunna.net/biografia/
Também trasncrevo então do site as letras de cada faixa e os comentários de dois de seus integrantes - Bruno Maia e Edgard de Brito.
Entre no universo mágico de "Kernunna"............................certamente é a vontade de mergulhar sempre em algo da música e tão profundamente que nos faz melhores não só como músicos, mas sobretudo como pessoas mais amplas e cheias de sabedoria. Feliz viagem a todos.! Clique no link do youtube e poderão ouvir cada faixa enquanto podem desfrutar dos comentários! E não se esqueçam também de apoiar os artistas e comprarem suas obras em cd.
KERNUNNA
Letra e Música: Bruno Maia
Tell
me people – I have a question for you
I
wonder if a third of you have once dance in the wild?
Some of you
may vulgarize it, tons of you shall moralize it…
Blame on you
– I dare you all to dance…
Come
and join the Kernunna…
For
centuries some men in black had demonized this King
The Horned
King – Kernunnos, also Hu Gaddarn
A single
being who’s in the charge of nature
of virility,
sovereignty, a type of old father…
Come
and join the Kernunna…
Lets
sing in praise of bloom…
Lets dance
nude in the wild…
I dare you-
Come along…
Lets be just
one till dawn…
Rising
horns are glimpsing to this open night
A sacred
flame’s involving us unveiling down
the Centuries
of lies
Kernunnos’s
lives in our spirits
Let me in,
beat down this bricks of moral
Do it right,
please make me now…
You
don’t know a thing I do
It’s time to
leave it soon
You don’t
love a thing I do
The
changeable selves on you
You don’t
want a thing I do
The promisses
done are doomed
Join me night
ahead, come to…
Come
now sweetie, just one step in
Welcome to
this flaming circle
Where you can
be yourself
But to reach
this point we must be one at once, on fire
All you’ve
been is nothing but a mist of lies
intending be
someone whose ways are traced down
by a Sheppard
with his thousand years old
cattle crying
SOBRE A MÚSICA
BRUNO MAIA – “Este som, que dá nome à
banda, é bem antigo- pelo menos a estrutura principal da canção. Foi a
primeira música que eu gravei fora do Tuatha de Danann pensando em
ter um projeto paralelo. Em 2002, eu gravei uma demo com o que era
essa música até então, com o Rodrigo. Ele no bongo, triângulo e chocalho e eu
no violão, bandolim, flautas e voz. O nome da música era “Delirar”, era
em português e não tinha todas as partes que a “Kernunna” tem hoje. Foi
esse som que me inspirou a iniciar o Braia. No disco “Braia…e o mundo de
lá”, ela seria gravada mas não tivemos tempo (que bom!). Depois que me
afastei do Tuatha, revisitei essa canção e como vinha aprendendo
piano, brincando de tocar apareceu o refrão e outros trechos. Na mesma hora gravei
em casa e o corpo final apareceu. Acho que ela encerra bem o que a banda tem
pra mostrar nesse momento: os elementos folk, umas passagens mais
pesadas, trechos bem progressivos (progressivo dos anos 70) e umas linhas
de baixo muito legais. O esquema de mudarmos o vocalista principal é
nítido aí, eu faço as partes mais graves e médias e o Khadhu as mais
altas, ele canta quase a música toda. A letra acabou sendo uma tentativa
de saudar essa entidade que dá nome à banda, o Cernunnos, pontuando
aspectos positivos seus, ao contrário do que foi feito por séculos pela igreja,
que inclusive o aproximou do diabo (total sem sentido isso!). Essa entidade, ou
deus, é presente em quase todo o imaginário celta e figura como um ser
ligado à natureza, a potência, a abundância, o lado selvagem e o xamanismo,
entre outros atributos.”
EDGARD DE BRITTO - Acredito que
o disco começa com a mais avassaladora de todas as músicas – kernunna…. a onda
do violão prepara para devorar todos os ouvintes; a entrada brutal e os
keyboards espaciais logo após te levarão para outra galáxia – “Come and Join
the Kernunna!”…. Já está selado com fogo o que virá pela frente em todo álbum.
Recebi esta canção sem letra e fui deixando a atmosfera me levar para a escolha
dos timbres de teclado. Gosto bem do resultado do arranjo em si. Tem hammonds,
moogs e muitos space crazy sounds. A voz e o baixo do Kadhu são demais, além de
uma das bateras mais legais do álbum. A composição é forte demais também e abre
o disco com maestria.
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CURUPIRA’S MAZE
Musica: Bruno Maia & Alex Navar | Letras: Bruno Maia
Late
at night – Waiting for the dawn
Scary
whistles in the night…
Pretend I
have a peace of mind
Even though
it’s fake…
I’m Kind of
haunted by some cries
Moving steps
I hear – Seems its not too far
Still the
whistles sounding loud …
Numb I have
no place to hide
I cant find a
place
where I can
run from all those cries
Walking in
Circles –
Such a maze
in which I’m crawling
Theres so far
I see a red flame in the wild
Would
it be a spell from the Curupira?
I am lost
it’s driving me mad
Is it a trick
from my head or is it in there?
Suddenly it has drifted in shade
SOBRE A MÚSICA
BRUNO MAIA – “O tema principal dessa
canção, o da gaita de fole, já era tocado pelo Braia em alguns shows
durante o solo do Alex; eu geralmente o acompanhava no Bouzouki. Tinha o
nome de Curupira’s Reel. Ele escreveu esse tema e sempre vínhamos
brincando com ele e, claro que quando apareceu essa ideia do Kernunna eu
nem pensei duas vezes em chama-lo pra fazer parte da banda, pois além de ser
um irmãozão meu, é o piper brasileiro. Daí eu disse
pra ele que iria macular sua tune e imbuí-la de metal, rock
e doideras afins…Ele disse ok, e eu fiz a demo da música e
mostrei pra ele. Ele ficou meio assim com o pé atrás mas deixou rolar.
Depois que gravamos oficialmente e ele ouviu a pré-produção do disco e
tudo mais, daí ele adorou, curtiu muito. Gosto muito desse som, ele é mais
direto que a maioria dos outros sons do disco e tem um refrão muito
massa (que eu não sei como, mas consegui fazer uma voz
meio Hansi Kursh nela). Abordar um personagem
do folclore brasileiro e tão peculiar como o Curupira foi muito legal, e até
tem a ver com a coisa do próprio Cernunnos, que é uma figura silvestre,
tem uma forte ligação com os animais etc…Casou perfeitamente. A letra retrata
um cara, talvez um caçador ‘mau’ que é perturbado pelos gritos do Curupira e se
perde num labirinto criado por sua mente graças ao aturdimento do bicho.”
EDGARD DE BRITTO - Esta foi a
primeira música que ouvimos pré-mixada pelo Diniz e o resultado foi como
cola………Não conseguia parar de ouvir. E aquela ponte então com os backings após
o primeiro refrão e solo, “Far I can see a red flame poping in the wild !”
Isto é genial. Fiquei voltando só esta parte e pulava junto e cantava imitando
os vocais. ….É a música perfeita para bater cabeça e bangear. A
Gaita alucinante do Capitão Navar vai ditando a energia e o refrão é mega
cativamente. Mas com todas as viagens, o final aguarda aquela rasgada de
Hammond e a gaita em redemoinho para fechar tudo.
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THE SEIM ANEW
Musica e Letra: Bruno Maia
Down
the glen, through the sea
by
the mountains it stands
From the womb
to the grave
we might
share this old weight
There is no
time marking where it may starts
nor where it
may end, mate
Plenty of
blinks, lights and shades
surround me
surround you- yes, you bet!
I
feel like I’m pushed to a mighty stream –
A dream,
maybe? …Indeed!
The same anew
– Once there will be twice, ’till
Forever,
we’ll see
As
a river reaches the ocean
and the
ocean’s water’s will
turn to
vapour which turns to cloud
which stands
upon the hills –
Clouded
heavily, the sky is cracking down upon us all –
The Seim Anew
– Reborn – Regrow
Rejoyce –
Renew – Re-old – Redie
Wheeling
around I called it dreams
Spinning off
time, but head on…
For once
t’was in life, will be back soon –
Once and
twice, so on…
SOBRE A MÚSICA
BRUNO MAIA – “No momento é a minha
favorita do disco. Ela tem uma atmosfera mágica sem ser fronha, tem melodias
marcantes e uma instrumentação muito bem trabalhada. A cítara
do Khadhu conversa com a gaita de fole em alguns momentos e, às
vezes, estes dois instrumentos, de universos outros, se
completam. Talvez seja minha composição favorita de toda a minha carreira
até agora. Acho que minha voz soou legal, o Khadhu destruiu
(assim como fez em todo o disco); quando ele entra cantando eu juro que
dou uma arrepiada até hoje e o Diniz também detonou fazendo o refrão. Essa
canção explora muito bem a tônica que queríamos para o álbum inteiro mas
não logramos por falta de tempo: três vozes principais full time. O
título é tirado do Finnegans Wake do James Joyce. O mesmo de
novo (The same, a new). A ideia talvez seja o de dizer que estamos fazendo
um som enraizado numa produção antiga nossa, como
o Tuatha e Braia ( por exemplo), porém com uma nova carga
de novidade, de experimento e até de rompimento. Na obra de Joyce há uma
passagem em seu final em que uma mulher, que é ao mesmo tempo um rio,
sabendo que seu tempo está chegando, vai se evanescendo e como rio, ela
desemboca no mar, sendo mar em algum momento ela evaporará e se tornará nuvem,
de nuvem virá a chuva que nos banhará novamente e cairá no rio… tudo de novo,
mas metamorfoseado, vestido de novidade. Tem um trecho em que inserimos o
próprio James Joyce lendo um trecho da obra, ele diz THE SEIM ANEW.”
EDGARD DE BRITTO – A mais bonita de
todo o disco pra mim. Tem muita coisa que gosto. As “camas” perfeitas de
teclado com sons muito originais; o vocal do Bruno é belíssimo no início; o do
Kadhu determina a força da canção e na segunda parte mais progressiva, tudo é
inacreditável. “Tem aquele ar de uma banda que gostamos muito né bruno Maia?”
“Gênio!”. Um belíssimo solo de guitarra, até com um toque Bachiano, e um timbre
curioso de teclado dialogando com o mestre Joyce. Quando volta o refrão a
atmosfera mágica retorna e na repetição deste, arpejos de teclado vão contaminando
todo o clima para a coda da sitar e gaita. Sem dúvida, mágico! Os teclados
foram feitos logo no começo, com as partes das músicas só no violão e algumas
com melodia, e assim, quando terminávamos de gravar e ouvíamos ficava bonito
demais. Falo em público aqui que temos que fazer a versão especial das
canções só acústicas. Vamos Fazer?
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SNARK
Musica e Letra: Bruno Maia
Here
I Stand again in chase
Haunted by
something I’m seeking blind and obsessed long ago
Such a
puzzle, such a dream –
Am I Chasing
or Am I the one who’s hunted by someone?
There’s
no clue – I’m wheeling long ago
Tracking day
and night, not tired, though
Raising
Nightmares, growing fears
Feeding Hopes
and Seeding Smiles – Doesn’t Matter moods and wits
Facing walls
and shaking hands
still not
knowing what is missing in this lack of sense, you bet
Even
my language doesn’t shape what my head flashes and creates
How can I
conceive such a world within this storm?
Its
like I’m hunting the old Snark…
A sudden
flame erupts in darkness
Then two
steps back towards nowhere
For I was
nowhere ever
Even
my language doesn’t shape what my head flashes and creates
How can I
conceive such a world within this storm?
Dreams,
sounds, Mind
UH… It’s
meaningless, I’m getting tired
A whirl of
images never matched
A pretend
reason leading track
So whats the
point? Should I just keep on going?
SOBRE A MÚSICA
BRUNO MAIA – “Esta é um diferencial
super positivo no disco. Ela não tem nenhum
instrumento folk (até tinha, mas tivemos problemas com uns arquivos e
não tínhamos tempo pra gravar de novo etc…) e se alguém escutar esse som
apenas, pensará que o Kernunna pratica um outro tipo de som. Mas sem
essa música o disco perderia muito. Ela soa diferente do resto todo, mas a acho
muito bonita e o Khadhu arrasou nessa música, tanto no
baixo fretless como nos vocais…quando ouvi o que ele gravou
fiquei espantado, ele é um monstro!! Eu gravei os teclados base dessa
música e nosso amigo Rafael Castro fez todas as linhas e solos. Acho que é a
letra mais profunda do disco, a mais legal. O título é retirado do
The Hunting of the Snark do Lewis Carrooll. Snark é
uma palavra valise que ele criou, como muitas outras, que une os dois
significantes Snake (serpente) + Shark (tubarão),
mas é também uma alusão à impossibilidade da definição máxima de tudo que nos
cerca, essa coisa de nem mesmo nossa língua representar devidamente o que
sentimos e o que vemos. É um dos dramas que acompanha o homem desde os
primórdios: não se encaixar e não ver sentido nas categorias e estruturas da
vida e do mundo em que ele está. Snark é o inalcançável.”
EDGARD DE BRITO – Ichhhh. Desta nem
sei o que falar. É minha preferida. Aquele compasso em 7 e toda essência do
rock progressivo me conquistaram logo de cara. Para cada faixa dávamos um
apelido e assim era tratada. Se puder falar aqui, esta era chamada de “Rush”. A
letra é excelente, a que mais gosto de todas. As vozes também são destaque. Mas
quando recebi, percebi que meu amigo e mestre das teclas Rafael Castro faria um
trabalho maravilhoso compondo os teclados desta. É a cara dele. E o resultado
foi surpreendente. Altos contra tempos e timbres que são a marca
registrada dele. Mas quando entra o theremin meio robótico é o cume de tudo!
Genial também. Toda linha de teclado é mega criativa. Quando fomos tocar no
Rock in rio, fui tirar a linha de teclado para tocar lá e fiquei ainda mais
fascinado pelos arranjos do mestre. Parabéns Rafael. E o quanto é bom de tocar.
Não poderia deixar de destacar também o timbre do baixo nesta faixa que deu
todo um toque especial.
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THE DREAMER
Musica: Clayton Prósperi e Bruno Maia |
Letra: Edgard Britto
Hear
my song in the valley of dreams
and the
journey begin with a life
A way to me!
Long
distance. (Alive!)
Carry on by
the colors of dreams
and the sound
reflect in the sky
Oh Dreams –
come true!
Long… Distant
(I’m flying
high again.)
In
the hill a sign become tonight – Serenity!
In the flash
a sign become alive – Felicity!
I am a
Dreamer
My eyes are
full of colored tears
Come to me,
my friend, my “all”, the journey
has just began
Here I can
find, my mind, my soul – Infinity!
I am a
Dreamer
My eyes are
full of colored dreams
I
heard the sound calling me
It`s time to
believe, like stars in a fantasy land…
We can change
the world
One cloud,
one street in the air
This is the
universe – It’s strong!
Real world –
Never More!
The dreamer
cries in your head
The reasons
are so clear
Now I am he
and disappear!
I’m dreaming… I’m the Dreamer!
SOBRE A MÚSICA
BRUNO MAIA – “Linda canção!
Linda! Um amigo nosso, o Clayton Prosperi, que é um grande compositor
e músico, que havia, inclusive, participado do DVD acústico
do Tuatha tinha feito essa música e eu a
achava maravilhosa. O Edgard escreveu a letra que pinta o
sonhador, poética e nostálgica, bela, mas eu achava que faltava algum elo
da música pra esse cd… quebrei a cabeça por meses tentando compor algo que
fizesse juz à perola que o Clayton havia concebido e quando realmente
botei fé no que tinha feito que eu resolvi mostrar pra ele e ver o que ele
achava (é aquela parte ‘celta’ com gaita de fole e violino do meio da música).
Ele gostou e mandamos ver. Ele, o Clayton, canta o início e o fim da música e o
Diniz canta a maior parte do resto. ”
EDGARD BRITTO - A Dreamer chegou
em minhas mãos tocada no piano e solfejada. Minha missão seria captar sua
essência e colocar uma letra. É lógico, o que ronda toda a minha luta vivendo
pela arte é justamente o tema do sonhador. Não poderia falar de outra coisa
aqui. Foi difícil encontrar palavras que se encaixassem na métrica da música do
Clayton Prosperi(multi-instrumentista, compositor maior e um grande amigo). Eu
teria que fazer algo poético, simbólico e que fizesse merecer a beleza da
música. Quando vi, estava pronta. É realmente uma viagem; a dualidade do homem
terreno e seus sonhos, medos, anseios. Ele quer mudar o mundo. Se perde na
fantasia e vive melhor. Depois que o Clayton gravou os cravos e pianos,
minha missão seria criar os sintetizadores e montar todo clima do “sonhador”
para justificar a letra. Gosto bastante do resultado. E eu que conheço bem as
canções “Prosperianas” afirmo que a Dreamer é mais uma de suas obras-primas,
digna dos gigantes da composição. O vocal do Diniz surpreendeu e ficou muito,
mas muito bonito. Os vocais do Clayton e backings são perfeitos. Foi uma honra
ter esta parceria com o “maestro” Clayton Prosperi.
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Póg Mo Thóin
Musica: Bruno Maia e Adriano Maia | Letra: Bruno Maia
Whats
the craic mo chara?
Let the dance
begins
Old tricks no
more – A Brand new man I am
I guess my
old dreams turned to black, my friend
I shall
endure it – Step over this crap
Some
fucking fools… the ones we used to trust in
Stabbed us in
the back… rats after cats
As
I’m still getting better, on and on
In spite of
your goals
I would
prefer you find your way I DO
Otherwise
I’ll spit you out
I ask you
lads, dont bother me, you do
I’l shout to
you: Póg mo thóin!
Once
in life we have to choose
It may be
hard, it may be tough
but as a
river, all shall pass… Time can heal all
SOBRE A MÚSICA
BRUNO MAIA – “Essa música seria
gravada no que seria o próximo disco do Tuatha, já a ensaiávamos. Tinha a
mesma letra e era a mesma coisa. Ela é bem mais direta e tranquila. Tem um clima
meio funny irish com banjos, gaitas, fiddles, flautas e um
refrão figura. Tem um tema que foi escrito pelo meu tio, o Tio Adriano (o
trecho do meio que entra só um violino). É a mais folk de todas, eu
acho. A letra foi feita como um resposta a várias pessoas que vivem querendo te
trazer pra baixo, puxar seu tapete, inventam historinhas sobre você (às
vezes grandes narrativas) e perdem grande parte do seu tempo nessa ao invés de
fazer algo construtivo ou que as dignifique ou sei lá o quê. Tá
cheio desses por aí. Póg mo Thóin é o mesmo que
Kiss my ass.”
EDGARD DE BRITTO - Estava toda
pronta já. O Bruno tinha uma demo onde a música estava toda montada. Menos os
teclados. Aquele clima country me pedia hammonds e pianos de saloon. E mais uma
vez fui pedir ao Rafael Castro que criasse estes teclados. Embora a mix tenha
deixado o teclado como suporte, podemos perceber que os pianos dão um toque
refinado para a canção e participam do resultado positivamente. E temos os
hammonds segurando a harmonia também. Mas os coros vocais me chamam muita
atenção. É uma canção Kernunnana – (Kernunna mais Tuatha de Danann, não há
dúvida.)
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THE LAST OF THE SEVEN EARS
Letra e Música: Bruno Maia
I
dare you all to figure out this scene I’m acting in
A hundred
steps is all I got – A shot, a chance to live
For decades
I’ve been hiding from this scary renegade
I have my
last breath kept in his hand – The curse has finally come
The
bloody 7 Ears stood is in front of me
Oh Lord,
forgive my sins, please save my skin
Long
ago, we seven, tied his brother to a tree
While he
stood breathing we insanely ripped off his skin
How fool “was
we”, a piece of land – The reason of such tragedy
From this day
on I’ve been in cache- No peace, neither sleep…
The
bloody 7 Ears stood is in front of me
Oh Lord,
forgive my sins, please save my skin
So
one day an old man knocked my door for shelter
Taking pitty
on him I opened my house yeah…
After days
recovering – Talking while the time passed
Then I
confess my old secret to the stranger hahaha
Unknown he
was not, he coldly stares at me – told me his bleeding vow
At
first sought authorities
But had ‘no’
as reply
Then, he
decides to use his hand
A vengeance,
Bloody and Fire
Sworn
to god and devil he’d have the 7 caught
Each one of
these seven would have an ear in his damned colar
The
first two were caught in a trap when leaving a feast
The next two
in their wedding night – No love – just cry and screams
Number five
was taken in a coincidence at night
The next
turns to a charlatan preaching in his hide
SOBRE A MÚSICA
BRUNO MAIA –
“Outra que ia pro disco do Tuatha. Ela tinha
uns riffs do Giovani, mas eu dei um jeito de limar, deixei só minhas
partes e acrescentei outras passagens. Ela me lembrava muito o Yes (as
linhas de voz e umas estruturas no meio). Tem uma parte só de vocais que ficou
bem interessante. Salve ao Diniz que interpretou muito bem essas vozes além dos
guturais do final dela. É outra das canções que abordam uma figura do folclore
brasileiro, neste caso, o mineiro Sete Orelhas. Januário Garcia, conhecido como
o Sete Orelhas, teve seu irmão morto por sete irmãos de uma outra família.
Estes sete cabras amarraram seu irmão numa árvore e tiraram sua pele enquanto
ainda vivia. Januário recorreu à justiça oficial à época, mas não sendo
assistido por eles jurou vingar o irmão pelas próprias mãos. Foi ao encalço dos
assassinos e de cada um que encontrava e dava fim, cortava uma orelha e punha
num colar. O narrador da letra é o último dos irmãos que, já passadas
décadas da infâmia, socorreu Januário e o deu abrigo… o resto é história. Fiz
um documentário sobre o Sete Orelhas e agora estou na produção de um longa
ficção sobre o mesmo personagem.”
EDGARD DE BRITTO - Esta é a mais
pesada de todas em minha opinião. O começo é muito bom. Baixo, guitarra suja e
teclados malucos. Quando entra o tema, aqueles strings abrem um clarão e sempre
penso numa grande orquestra de cordas tocando junto à banda. O vocal do Kadhú
arrebenta e aquela atmosfera truncada com todo mundo fazendo a melodia do
refrão é algo desafiador. A sitar na segunda parte mostra que teremos uma outra
cara da música, e quando ninguém imagina: – Broadway!. Esta parte eu gosto
muito. O coro dos “mil” Bruno Maia foi super bem criado. Acho que ele fez em
minha homenagem, pois ele sabe o tanto que gosto de musicais. Os vocais do
Diniz também são matadores e a batera do Rodrigo é muito boa.
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THE KEYS TO. GIVEN!
Letra e Música: Bruno Maia
I’d
like to tell you people
Why the hell
on earth you seem like deaf
I used to try
bringing my treasures
Although
sometimes you feel like dead
But I believe
I sing to few
I tried to
cheat on destiny
No rhymes,
but mines, a tune, a scream
A winding
scene on you and me
Have
I been so far since our last goodbye?
I made my
sing a dream of them – Maybe your one fit
So trow the
rest out and just bring the brand new lines
A voice once
heard… The keys to given! No excuses
I’d
like to whistle every day this tune of wander
and I’d think
it twice or more
I’d like to
ask you come and sing this song of mine
It
seemed to be a clichet
I’m looking
for new mottos now
A shade of
bliss invades the picture
A bloom of
voices standing by
But I believe
I sing to few
I tried to
cheat on destiny
No rhymes,
but mines, a tune, a scream
A winding
scene on you and me
SOBRE A MÚSICA
BRUNO MAIA – “Outra
expressão joyciana, retirada do mesmo Finnegans Wake. Essa também era
pro Tuatha. A letra fala da peleja do eu-criador, do fecundar o silêncio e
criar mundos, da busca pela musa…. tem vezes que pensamos que ela se foi e, de
repente ela volta. É uma canção muito pra cima que casa bem as partes acústicas
e as pesadas. Participação de Michel Leme, um dos mestres guitarrísticos
brasileiros e um solo maravilho de teclados do Edgard.”
EDGARD DE BRITTO - Esta é muito
especial. É como se o belo em sua mais poderosa plenitude se vestisse de sons e
resolvesse se doar em canção. A qualidade da gravação e mixagem ficaram perfeitas.
Melodias muito empolgantes, uma letra sensível e os teclados têm minha marca
registrada. Temos strings, hammonds, theremin, novamente “spaces sounds”
e o “moogão moderno” com suas asas endiabradas atacando um solo bem melódico após a
destruição do solo de guitarra do Michel Leme. Os violinos e as gaitas de fole
são muito marcantes. A composição e execução de todos merecem aplausos.
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Letra e Música: Bruno Maia
Riverrun,
Ricorso, Fall infinity, Lupus Vitali – ‘Fallawaken’
Once there,
never ending –M’a vez mais
Nascente,
Finn again. Nostra! Over all, we got the same ‘beginending’
The Spiral –
Flowing ‘disguising’ words
Since
Adam passed by…Withim his fall
We may find
out…Once, broken dreams- Ritornello
Whenever one
falls, whenever one is cheated on
Available
ropes! Neck – Up, tight
Shall
I believe in this mirror? Such a “failable”, weird enquire
The Stolen
Child is right back then- If that’s already done- Pass by
Don’t be
upset with those ‘fellas’ – There will always be those lucky ones
For each
who’ve failed there’s one yelling, Nobody owns the roles- Play on
We’ve
been playing the heroes and saints
We’ve been
playing the villains and vain
Am
I wrong? Am I cheating?
Did I mean
anything blank, da?
The Stolen
Child is right back then
If that’s
already done- Pass by
She
is climbing up the Bony Hill
Is she alone,
does she can still? I could drop out…
Don’t
even ask about the people of the dawn …
Where are
they?
This
has been told, She is the river
She puffs the
‘blazzines’ on, my dear
Scared wounds
through twilight shades…
Along the wake
SOBRE A MÚSICA
BRUNO MAIA – “Essa tem quase 10
minutos. Também é uma alusão ao Finnegans Wake do Joyce.
O Ricorso é quase um Eterno Retorno… aquela coisa que eu falei do
rio, mar, vapor, nuvem, chuva etc. Tudo há de voltar, mesmo que com nuances e requintes
diferentes. Podemos perceber estruturas míticas constantemente no dia a dia. A
letra tem trechos com línguas misturadas como o próprio Joyce lançou mão nessa
obra. Nestes quase 10 minutos temos trechos celtas, death metal, Beatles,
ELO, Supertramp e outras coisas mais. Até meu cachorro dá umas uivadas no meio
da música quando entram só vocais à cappela. Há participações de Sandro
Nogueira na guitarra e do Berne no segundo solo. Um som doido que, pra tentar
se aproximar dessa coisa da repetição ela começa em fade in só com a batera,
depois o baixo e os instrumentos entrando aos poucos; no final estas mesmas
frases do início vêm ao contrário deixando só a batera com a mesma levada do
início e o James Joyce chiando sozinho no fim em fade out.”
EDGARD DE BRITTO - Eu acho a
letra desta música muito envolvente e acho incrível o modo como ela é
cantada. “Riverun, Ricorso. Fall infinity, Lupus Vitali –
Fallawaken”……….. Experimentem todos!
Progressiva demais. Fiz os teclados
no passado usando um Alesis, mas para gravação usei meu Roland Juno G. Os
timbres dele são muito marcantes. A canção tem todo aquele espírito das grandes
Rapsódias e suas partes surpresas. Tem muito teclado, muito mesmo. O Kernunna
foi idealizado pelo Bruno e discutimos logo no início que seria um disco cheio
de convidados e iríamos deixar a imaginação fluir para criar os arranjos das
canções. E assim eu estava livre para usar e abusar das teclas. Gosto em
especial daquela parada com as “águas” e toda seqüência em diante. Na quebradeira
após as risadas, meu amigo Sandro Nogueira desfilou toda a sua fúria em seu solo de guitarra e depois a
música então se prepara para seu ritornello triunfal pelo solo de guitarra do Berne. É uma
canção poderosa. Que segue o fluxo poético do rio………se modifica em todo o seu
esplendor e contém as apoteóticas construções do infinito. …………..Bravo!