...............emocinante! Vale a pena conferir!
quinta-feira, 27 de junho de 2013
Homenagem ao Led..............
A excelente banda Heart interpreta o clássico mais famoso da banda imortal Led Zeppelin......."Stairway to Heaven"....................sem mais palavras! Música na veia!...........e os mestres se emocionam e vibram.........
...............emocinante! Vale a pena conferir!
...............emocinante! Vale a pena conferir!
terça-feira, 25 de junho de 2013
Apresentação especial no Conservatório!
Nesta quinta-feira dia 27 de junho, além da apresentação do grupo de alunos do Laboratório C.A.P, teremos também alunos de vários instrumentos tocando obras diversas do repertório popular e clássico...
Prestigiem e compareçam...
clique na imagem abaixo para ampliar...
sexta-feira, 21 de junho de 2013
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Conversa Afinada - Clayton Prosperi
Mais uma Conversa Afinada mega "special" para vocês...
Desta vez o multi-instrumentista e compositor Clayton Prosperi de Três Pontas, nos privilegia com sua experiência e seus olhares sobre o universo da Arte...
Fico muito feliz de compartilhar este aconchegante espaço com uma pessoa consciente e super antenada no melhor da música...
Confiram, pois está fantástica esta Conversa Afinada. Anotem as dicas...todas.......e mergulhem no vasto mundo que o Clayton nos apresenta. Boa viagem "Prosperiana..."
Desta vez o multi-instrumentista e compositor Clayton Prosperi de Três Pontas, nos privilegia com sua experiência e seus olhares sobre o universo da Arte...
Fico muito feliz de compartilhar este aconchegante espaço com uma pessoa consciente e super antenada no melhor da música...
Confiram, pois está fantástica esta Conversa Afinada. Anotem as dicas...todas.......e mergulhem no vasto mundo que o Clayton nos apresenta. Boa viagem "Prosperiana..."
Satie - Clayton, você é um multi-instrumentista, compositor e também grande pesquisador da boa música, além de um ouvinte super cuidadoso. Queria que você falasse para os nossos alunos sobre a importância de "Ouvir" e conhecer a história da música no aprendizado do instrumento.
Clayton - Sempre falo sobre
essa questão com meus alunos. Acredito que conhecer o universo da música,
enfrentar e entender seus desafios, requer, além do estudo assíduo e
concentrado do instrumento, uma constante busca pelo universo musical que nos
permeia. Conhecer sua história, seus 'protagonistas', compositores,
instrumentistas, intérpretes, entender essas relações em
conjunto com a prática, possibilita ao estudante de música
(independentemente do instrumento que estuda-toca) uma compreensão mais
abrangente daquilo que se estuda, e consequentemente uma execução
melhor.
Sempre pergunto aos meus alunos sobre aquilo que estão estudando e incentivo ao máximo a pesquisa daquilo que se toca e também daquilo que se ouve. É preciso desenvolver não só o nosso senso...mas também o nosso "ouvido" crítico. A internet está ai para ajudar, e não existem mais desculpas sobre o acesso à informação. Hoje em dia está muito mais fácil saber sobre a MÚSICA do que antes, a distância se encontra entre a sua vontade e um simples clicar no teclado de um computador.
Sempre pergunto aos meus alunos sobre aquilo que estão estudando e incentivo ao máximo a pesquisa daquilo que se toca e também daquilo que se ouve. É preciso desenvolver não só o nosso senso...mas também o nosso "ouvido" crítico. A internet está ai para ajudar, e não existem mais desculpas sobre o acesso à informação. Hoje em dia está muito mais fácil saber sobre a MÚSICA do que antes, a distância se encontra entre a sua vontade e um simples clicar no teclado de um computador.
Satie- São muitos anos dedicados 'a música. Desde os estudos juvenis no conservatório. Faculdade, concursos de piano, festivais, aulas e todas as apresentações solo ou em grupo por todo o Brasil. Gostaria que você descrevesse alguns momentos que foram muito marcantes em sua carreira musical.
Clayton - Realmente foram e
espero ainda que sejam muitos anos de amor à música. Ela me proporcionou momentos
marcantes e inesquecíveis na minha trajetória. Minha primeira conquista em
1994 no antigo festival da canção de Boa Esperança, atual
FENAC, com o segundo lugar e melhor arranjo. Minha participação em um
dos mais respeitados concursos musicais já feitos no país, o Prêmio VISA
terceira edição em 2002 em São Paulo no teatro Cultura Artística, dedicada
aos compositores, onde fui semifinalista e concorri ao lado de grandes
nomes como Dante Ozzeti, Flávio Henrique, Chico Pinheiro, Rafael Altério,
Juarez Moreira, Simone Guimarães e Jorge Vercilo. Também a emoção de ter uma
composição minha em parceria com o compositor Haroldo Jr. intilulada "Eu
Pescador", magistralmente gravada por Milton Nascimento e Wagner
Tiso no álbum mais recente "E a Gente Sonhando"... disco do qual tive
a honra de participar nas gravações como instrumentista e cantor, e também
na turnê que aconteceu em grandes centros e cidades do país onde acompanhei
Milton tocando piano na minha canção. Meu encontro com o mestre Egberto
Gismonti durante a turnê de Milton em Belo Horizonte, encontro que registrei em
forma de crônica e que se encontra disponível na minha página do facebook. Minha apresentação na mostra de compositores da UFMG, onde fui aplaudido
de pé por colegas e professores ao final de minha performance. Foram
muitos que não me lembrei agora mas, deixo aqui esses para exemplificar.
Satie- Fale um pouco sobre suas maiores inspirações na música e cite 3 álbuns que têm importância fundamental na sua visão como compositor.
Clayton - Bach e todos
os grandes mestres da música erudita, incluindo nosso brasileiro
Villa-Lobos, também na chamada "música popular" com
vários nomes...Tom Jobim, Milton Nascimento e os mineiros do Clube da Esquina,
Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, Francis Hime, Ivan Lins, Djavan, João Bosco,
Guinga, também os grandes mestres compositores e instrumentistas do Jazz
como Miles Davis, Bill Evans, Coltrane, Thelonious Monk, Wes
Motgomery etc . São muitos, procuro sempre ouvir e me
inteirar do que considero boa música.
Quanto aos
álbuns é difícil citar só 3 mas vou sugerir aqui os álbuns:
"Urubú" de
Tom Jobim de 1976, "
A Página do Relâmpago Elétrico" do
compositor e cantor mineiro "Beto Guedes
e a gravação do
"Réquiem" de Mozart sob a regência de Peter Shreier.
Satie - Você poderia falar um pouco de como se dá seu processo de composição?
Clayton - Não acontece comigo
sempre da maneira clássica que todos imaginam, na verdade minha inspiração vem
sempre de uma procura constante, depende; às vezes vem de maneira espontânea um
trecho ou uma pequena ideia que aproveito e desenvolvo depois, às vezes faço de
maneira mais rápida quando por encomenda, ou a composição demora a
ser terminada, outras acontecem rapidamente, tudo depende do tempo e
da época em que foi composta. Meu grande parceiro nessa busca é o meu querido
amigo...o piano.
Satie - Além da música, que outras artes te atraem e qual o significado destas para a evolução como músico?
Clayton - Aprecio em geral,
todas as formas de manifestação artística, como as artes plásticas (Pintura,
Escultura), mas a outra grande arte que aprecio é o Cinema. Acho que
até por sua relação direta com a Música, uma sempre dependeu da outra e conheço e
ouço muitos autores de trilhas cinematográficas que admiro e aprendo sempre com
eles.
Satie -O que você anda ouvindo hoje?
Clayton - Se abrir o
compartimento de cd do meu aparelho vai encontrar o álbum "Terra
Brasilis" do Jobim,
http://som13.com.br/#/antonio-carlos-jobim/albums/terra-brasilis
o álbum "Influências" do compositor, cantor e instrumentista Dori Caymmi
http://cliquemusic.uol.com.br/discos/ver/influencias-2
e o álbum das obras completas de Ravel para piano.
http://www.allmusic.com/album/maurice-ravel-complete-piano-works-mw0001402357
http://som13.com.br/#/antonio-carlos-jobim/albums/terra-brasilis
o álbum "Influências" do compositor, cantor e instrumentista Dori Caymmi
http://cliquemusic.uol.com.br/discos/ver/influencias-2
e o álbum das obras completas de Ravel para piano.
http://www.allmusic.com/album/maurice-ravel-complete-piano-works-mw0001402357
Satie - Responda: O que é Música?
Clayton - Pergunta
difícil...mas entendo a música como a mais perfeita forma de expressão e
comunicação dos sons e da criação humana, maior que qualquer língua ou
comunicação existente. Fala-se muito sobre seu poder construidor do intelecto
e da mente, sobre a sua importância na formação e no caráter do indivíduo, mas
acho ela muito maior que tudo isso.
A Música pra mim é vida, e nunca poderia ser de outra forma.
A Música pra mim é vida, e nunca poderia ser de outra forma.
Taí, um abraço e
sucesso ao Blog!
.............
Agradeço a entrevista e mais estas pérolas em palavras e
Agradeço a entrevista e mais estas pérolas em palavras e
fiquem com a música de Clayton Prosperi.
http://www.youtube.com/watch?v=6gEnM-mLUfs&feature=youtu.be
e para quem ainda não conhece seu myspace...
https://myspace.com/claytonprosperi/music/songs
e para quem ainda não conhece seu myspace...
https://myspace.com/claytonprosperi/music/songs
domingo, 16 de junho de 2013
Segunda Verdi - Momentos Musicais!
Para comemorar nossa Segunda Verdi, nossos amigos do Clube da Ópera escolheram seus momentos prediletos de suas óperas preferidas. Todas de Verdi, é claro. É para conhecermos melhor e nos deleitarmos...
Boa música é aqui - Confiram:
Segundo Rosiane...
La Traviatta -
La Traviatta -
Macbeth -
- Segundo Edson...
Com minha deusa Anna Netrebko!!! Si Vedetta - Rigoletto -
Com Diana
Damrau - Rigoletto -
Com Diana Damrau - Rigoletto -
Tem um quarteto que também tenho grande apreço que é bela figlia del amor!!!! - Rigoletto -
E por última, mas
não menos importante!!! Di provença... - La Traviatta -
http://www.youtube.com/watch?v=CkdDBdE7RbYAida -
Boa tarde "Verdiana!"
sexta-feira, 14 de junho de 2013
Cinema no Conservatório - Ópera - Nabucco
clique na imagem para ampliar...
Mais informações sobre Verdi, Nabucco e outras óperas, no blog de nosso
amigo do Clube da Ópera - João Paulo.....visitem:
quarta-feira, 12 de junho de 2013
Sessão Espetacular - Prieto
...meio-dia................desfalecido..............no entreato de uma ideia..............meia-noite...............desfigurado.........na coda da ilusão...............ainda tremulando...........Vivo!
Fui arrebatado por esta canção, do mundo de "Prieto", O Mar e as Montanhas...
Que tanto de poesia................que perfeição de linguagem..............que afinação, bom gosto, sutileza e construção impecável! E que time:
Piano: Prieto
Guitarra: Sandro Nogueira
Baixo: Roger de Assis
Trompete: Walmir Gil
Bateria: Anderson Alarça
Percussão: Caíto Marcondes
Vozes: Clayton Prosperi e Bia Góes
Fui arrebatado por esta canção, do mundo de "Prieto", O Mar e as Montanhas...
Que tanto de poesia................que perfeição de linguagem..............que afinação, bom gosto, sutileza e construção impecável! E que time:
Piano: Prieto
Guitarra: Sandro Nogueira
Baixo: Roger de Assis
Trompete: Walmir Gil
Bateria: Anderson Alarça
Percussão: Caíto Marcondes
Vozes: Clayton Prosperi e Bia Góes
...e ainda respiro, atordoado, sonolento no paraíso dos sons...com uma coroa de "espelhos" na cabeça...
planeta celestial............o compositor que geme a estrela...........os intérpretes que servem o paralelo imenso..........de poucos..............das montanhas essências..........e o mar?
Ahhhhhhhh................essas águas que me batem em bocca chiusa e me afrontam a alma........e quem canta ao longe é o eco da sinceridade artística..............
.............que beleza!
Prazer estar vivo para ouvir!
Parabéns "Diego, Prieto"
terça-feira, 11 de junho de 2013
Imagem Musical - Construindo "sons..."
Ada Bordado tem 13 anos e é uma das violinistas da Orquestra de Instrumentos Reciclados. O grupo
foi formado em favela de Cateura, no Paraguai, onde há um grande lixão. Quando
aulas de música começaram a ser oferecidas no local, havia mais crianças interessadas
em participar do que instrumentos disponíveis. Então, os catadores se
transformaram em luthiers e construíram instrumentos a partir de materiais
encontrados no lixo. A incrível história do grupo inspirou o documentário
"Landfill Harmonic". Em inglês, landfill quer dizer aterro, lixão. O
nome do filme é um trocadilho com a palavra "philharmonic", que
significa filarmônica.
No trailer, vemos
como soa uma suíte de Bach em violoncelo feito com latão de óleo:
segunda-feira, 10 de junho de 2013
Imagem Musical - Imogen Heap
No
cume da montanha....dentro dos sabores dos sonhos
mágicos..................levitando a essência dos paradisíacos sons que a vida
me traz....
Nesta
levada....venho aqui compartilhar uma das coisas mais interessantes que
descobri dos últimos tempos na área popular....uma cantora, compositora
singular... a inglesa - Imogen Jennifer Jane Heap. Reparem na curiosa formação
desta cantora.
Ela usa e abusa da
tecnologia.....mas de uma forma muito criativa que traz-me referências do
fenomenal John Cage, da magistral Meredith Monk e ainda uma referência singela
da cantora Bjork...no timbre vocal....e ora de uma cantora pop bem conhecida...
Experimentem a
primeira canção.... Tem um sabor incrível..............
Agora penetrem neste mundo muito espontâneo........
Como se ela não bastasse, a cantora em questão é um fenômeno entre seus fãs e muitos, mas muitos mesmo gravam com maestria suas composições, tentando fazer um cover "humano" do que ela faz com suas "máquinas de voz..." ..........................vejam, é muito interessante este brinde da tecnologia...........
Apreciem sem moderação...
Abraços a todos
Robert
domingo, 9 de junho de 2013
Cinema no Conservatório - Pink Floyd...
Cine
Villa-Lobos
Segunda
dia 10 de Junho
às
18:40
• Origem: Inglaterra
• Duração: 60 minutos – Ano - 2007
• Duração: 60 minutos – Ano - 2007
Quarenta anos depois do Pink Floyd lançar
o seu álbum de estréia, "The Piper At The Gates Of Dawn", quando passou a ser uma das mais amadas bandas
do mundo, este filme traz imagens de arquivo ao lado de entrevistas originais
com seus integrantes e colaboradores, e traça o percurso de uma banda que teve
cinco membros, três dos quais conduziram a banda em diferentes estágios de sua
evolução.
Este excelente documentário demonstra que as feridas
causadas pela separação forçada de Roger Waters e Pink Floyd ainda existem,
apesar dos 20 minutos da cessação das hostilidades, que aconteceram no Live 8. Um filme para
todos!
Imperdível!
segunda-feira, 3 de junho de 2013
Parede Falante - Hermann Hesse
Ensaio de Hermann Hesse sobre Música, um texto raro; o livro do
qual o retirei já esgotou a edição há bastante tempo. E por isso há alguns
anos eu mesmo o copiei, digitando-o, para oferecer aos amigos. E
infelizmente hoje Hesse é pouco lembrado como ensaísta. Então, guarde-o com
carinho, mas antes imprima algumas cópias e distribua para a turma da Imagem
Musical. São palavras emocionadas não de um músico, mas de um escritor e poeta
sensível que amava música.
Abração
do Ailton Rocha
MÚSICA
(ensaio)
Hermann Hesse
Estou
sentado, no meu modesto lugar, no canto da sala de concerto de que tanto gosto,
por não ter ninguém sentado atrás de mim. O suave alvoroço e a profusa
iluminação da sala repleta invadiram-me com uma doce e suave alegria. Aguardo o
começo do concerto, lendo o programa, e sofro a doce tensão que, daqui a pouco,
a batuta do regente elevará ao auge, mas que, no momento seguinte, o crescente
primeiro som da orquestra vai aliviar e libertar. Não sei ainda se esse som
será alto e excitante como os sons do baile estival dos insetos, em uma noite
de julho, ou se será o de instrumentos de sopro, surdo e sufocante, em
contrabaixos abafados. Não conheço a música que vou ouvir, mas há em mim um
pressentimento e uma secreta busca, um mundo de desejos para o que vou ouvir,
e, também, já um antegozo e uma segura confiança de que ouvirei boa música,
pois amigos me haviam recomendado o concerto.
Na
frente da grande sala branca, postaram-se as “falanges da batalha”. Altos e erectos,
os contrabaixos, oscilando levemente com suas “gargantas de girafa”.
Obedientes, inclinam-se os meditativos violoncelistas sobre as suas cordas. O
tempo para a afinação dos instrumentos está preste a terminar. Um derradeiro
toque experimental de uma clarineta ecoa, triunfal e hesitantemente, aos nossos
ouvidos.
Agora
chegou o delicioso momento: o regente, trajado de preto, empertiga-se; as luzes
da sala apagam-se, de repente; sobre a estante reluz, fantasticamente iluminada
por uma invisível lâmpada, a partitura branca. Nosso regente, que todos
estimam, já deu o sinal com a batuta. Levanta e abre os braços. Empertiga-se
mais ainda na concentrada tensão do instante. O regente joga agora a cabeça
para trás. Mesmo de costas, adivinha-se o poder de comando que emana do
relampear de seus olhos. Suas mãos se movem como pontas de asas. Em pouco
tempo, curtas, ligeiras e espumosas ondas, saídas das cordas dos violinos,
inundam a sala, a atmosfera e o meu coração. Dissipam-se a assistência e a
sala, o regente e a orquestra, estremece e dissipa-se o mundo inteiro, para ser
recriado, sob novas formas, na minha consciência. Ai do músico que tentasse,
agora, construir um mundo pequeno e mesquinho, um mundo irreal, sofisticado,
mentiroso, para nós que estamos sob o encanto da esperança!
Mas
isso não acontecerá, pois há um mestre em ação. Do vazio e do abismo do caos
ele lança uma onda ao ar, largo e poderoso. Acima dela surge, logo, um
penhasco, uma ilha solitária, um inquieto refúgio acima do abismo dos mundos. Sobre
o penhasco vê-se, em pé, um ser humano, o ser humano solitário no infinito. Na
impassível solidão, ressoa o seu coração palpitante com um lamento alentador.
Vemos aqui, de pé, um homem, um mestre, certamente, librando-se, hesitante,
sobre o abismo, um homem em cuja voz pulsa o medo.
Mas
eis que o mundo soa ao seu encontro. A melodia anima o incriado, a forma
penetra o caos, o sentimento ressoa na infinidade do espaço. Surge o prodígio
da arte, a repetição da criação. Vozes respondem à pergunta solitária, olhares
luzem ao encontro dos olhos solicitantes, um coração pulsátil e a possibilidade
de amor irrompem timidamente da solidão. Na alvorada de sua jovem consciência,
o primeiro homem torna posse consentida da Terra. Desabrocha nele o orgulho e
alegre e profunda ternura. A voz cresce e domina, proclamando a mensagem do
amor.
Sobrevém
o silêncio; terminou a primeira parte do concerto. E voltamos a ouvi-lo, o ser
humano, cuja existência e cuja alma nos compreendem. A criação continua a
processar-se, trava-se a guerra, sobrevêm a pobreza, a dor e o sofrimento.
Postura erecta, lança do regente os seus lamentos, que nos compungem o coração.
Sofre por um amor não retribuído, mas supera o terrível abandono pela
inteligência e o autoconhecimento. Sua música, mergulhada na dor, manifesta-se
em sons plangentes. A trompa clama lastimosa, em desespero. O violoncelo chora,
tímido. A consonância de muitos instrumentos congela-se em tristeza, gélida e
pálida, arrepiante e desesperada. Da noite do sofrimento elevam-se tristes e
frias melodias, recordações de alegrias e felicidades passadas, como
constelações obscuras ou desconhecidas.
Mas a
última parte tece da tristeza um fio dourado de consolo e resignação. Como o
oboé escala a dor e, vertendo todas as lágrimas, se aquieta no repouso! As
pelejas terminam em bela serenidade. As turvações se diluem e, de repente,
ficam tranquilas e puras. As dores se refugiam, com pudor, em um sorriso
redentor. O desespero transforma-se com humildade, em compreensão da
necessidade. A alegria e a ordem retornam, engrandecidas e mais promissoras.
Encantos e belezas esquecidos voltam para participar de uma nova dança de roda.
E tudo se harmoniza novamente, até a aflição e o prazer, e sobe, em grandes
coros, cada vez mais para o alto. Céus se abrem e deuses recebem, com bênçãos e
consolos, as impetuosas falanges dos anseios humanos. Reconciliado, conquistado
e pacificado, flutua o mundo, um doce instante, durante seis compassos, em
acabada perfeição, em si mesmo feliz e perfeito! E chegamos ao fim do concerto.
Aturdido ainda pela profunda ressonância, procuramos um alívio, batendo palmas.
E, no ruído de minutos de exaltação e das palmas, torna-se-nos compreensível,
vemos confirmado por nós e pelos outros, que acabamos de viver horas belas e grandiosas.
Alguns
músicos “profissionais” dizem ser condição falsa, de amadorismo, quando o
ouvinte, durante uma audição, “vê”, pictoricamente, a música: com paisagens,
pessoas, mares, tempestades, horas do dia, estações do ano. Eu, que sou tão
leigo que não chego a distinguir claramente a tonalidade uma peça musical, a
mim, parece-me bom e natural quando chego a sentir, pictoricamente, a música.
Além do mais, já encontrei a interpretação “pictórica” mesmo entre músicos
qualificados. É natural que, na audição de hoje, nem todos os ouvintes teriam
visto os quadros que eu vi: a grande onda, o penhasco solitário, etc. Acredito,
no entanto, que essa música devia, em cada ouvinte, produzir a mesma imagem de
um crescimento e ser orgânicos, de um nascer, lutar e sofrer, e, finalmente, da
vitória. Um bom caminhante poderia muito bem ter visto as imagens de uma longa
e perigosa escalada nos Alpes; um filósofo, o despertar de sua consciência, o
seu devir e o seu sofrer até ao estado perfeito da não-resistência; um justo, o
caminho de uma alma em busca de Deus, afastando-se Dele, para reencontrá-lo em
si, maior e purificado. Ninguém, todavia, que tivesse ouvido, atento, a
audição, poderia desconhecer a curva dramática dessa imagem, a do caminho da
criança para o adulto, do devir ao ser, da felicidade pessoal à reconciliação
com a vontade do universo.
Em
romances e folhetins satíricos e humorísticos, tenho, às vezes, encontrado
escarnecidos como tipos miseráveis e deploráveis alguns frequentadores de
concerto: o homem de negócios que, durante a marcha fúnebre da Heróica
de Beethoven, pensa em seus papéis de crédito, a dama rica que assiste a um
concerto de Brahms, para poder mostrar suas jóias; a mãe que, sob os sons da
música de Mozart, leva a filha núbil ao mercado; e outras figuras do mesmo
naipe. Sem dúvida, existem essas pessoas, o que explica a sua frequência nas
obras literárias.
A
mim, todavia, pareceram sempre inconcebíveis e inexplicáveis. Que se possa ir a
um concerto com a mesma disposição com que se vai a uma reunião social ou a um
ato público: indiferente e apático ou, calculadamente, com propósitos egoístas,
ou frívola e orgulhosamente, consigo entender, pois é humano e, por isso,
motivo de zombaria. Eu mesmo, não podendo fixar os dias de concerto à minha vontade,
já tenho ido sem estar disposto a concertos, assistindo-os cansado ou doente,
aborrecido ou preocupado.
Mas
que haja pessoas capazes de ouvir uma sinfonia de Beethoven, uma serenata de
Mozart, uma cantata de Bach – quando a batuta começa a dançar e os sons a fluir
– com indiferença, com a alma inalterada, sem emoção e elevação, sem
sobressalto, acanhamento ou tristeza, sem dor ou sem arrepios de alegria –
isso, eu nunca soube compreender. Dificilmente existe alguém que possa
entender, menos do que eu, as coisas técnicas – mal sei ler as notas musicais!
– mas que nas obras dos grandes músicos, como em todas as artes, se condensa,
potencializada, a vida humana, existe o que há de mais sério e importante para
mim e para todo mundo, isso deveria ser percebido mesmo pelo mais modesto dos
leigos! Nisso reside exatamente o segredo da música, que só nos exige a alma,
porém integralmente. Não solicita a nossa inteligência, a nossa cultura.
Representa, acima dos idiomas e das ciências, em configurações multisignificativas,
mas em essência sempre evidentes, apenas a alma do ser humano. Quanto maior for
o mestre, tanto mais ilimitada a validade e profundidade de sua contemplação e
vivência. E cumpre não esquecer: quanto mais perfeita a forma puramente
musical, tanto mais imediata a sua doce ação sobre a nossa alma. Não importa
que um mestre aspirasse somente a alcançar a mais forte e mais rigorosa
expressão para as inclinações de sua alma ou que tivesse perseguido,
afastando-se de si mesmo, ansiosamente um sonho de pura beleza; em ambos os
casos, a sua obra deve sem mais nem menos encontrar uma compreensão imediata. O
aspecto técnico da obra há de ser discutido depois. Se Beethoven, em qualquer
de suas peças, não colocou as notas para violino ao fácil alcance do intérprete;
se Berlioz, em algum lugar, com a entrada de trompas, houvesse buscado um
efeito audacioso, se o efeito poderoso, deste ou daquele trecho, se deve a um
“ponto de órgão” ou, quanto ao timbre, ao abafamento do som dos violoncelos, ou
a qualquer outro recurso, é bom e útil sabê-lo mas, para o gozo da música, esse
conhecimento é naturalmente desnecessário.
E
acredito até que, ocasionalmente, um leigo consiga ter uma opinião mais
acertada e mais pura sobre a música que alguns músicos. Existem não poucas peças
que, como um jogo agradável mas pouco importante, passam ruidosamente pelos
ouvidos do leigo, sem lhe causar grande impressão, enquanto sua perfeição
técnica entusiasma o iniciado. Assim, julgamos também nós, os literatos,
algumas obras poéticas, onde o leigo não encontra encanto algum. Mas não
conheço nenhuma grande obra de artista genial, que exerça apenas o seu encanto
entre os entendidos. Além do mais, somos nós, os leigos, tão felizes, que
conseguimos gozar uma grande obra, mesmo se a execução for, em parte,
imperfeita. Levantamo-nos com os olhos úmidos e, no âmago de nossa alma, nos
sentimos embalados, exortados, acusados, pacificados, reconciliados, enquanto o
profissional critica o andamento ou deixa de alegrar-se, devido a uma entrada
extemporânea.
Certamente,
desfruta o entendido também de prazeres, perante os quais nós, os não versados,
falhamos. Contudo, exatamente as raras, exímias execuções quanto à pureza
sonora: a consonância de um quarteto de corda de excelentes velhos
instrumentos; o encanto da voz de um excelente tenor; a voz cheia e quente de
um contralto é sentida por um ouvido sensível, sem a necessidade do
conhecimento teórico, elementarmente. Essa acuidade de percepção depende da
sensibilidade sensorial, não da cultura, embora o desfrute sensorial possa ser
ensinado. Algo parecido ocorre com a produção dos regentes. Nas obras de alto
valor, o nível de uma produção não será ditada apenas pela mestria técnica do
regente de orquestra, e, sim, muito mais, pela sua sensibilidade humana, sua
profundidade espiritual, sua seriedade pessoal.
Que
seria de nossa vida sem a música? Mas por que lembrar logo os concertos? Em mil
casos basta-nos dedilhar umas notas no piano, assobiar, cantar ou murmurar uma
melodia ou, mesmo apenas lembrar alguns compassos inesquecíveis. Se, a mim ou a
qualquer pessoa com dons musicais, tirassem, proibissem ou apagassem
violentamente da memória, por exemplo, os corais de Bach, as árias da Flauta
Mágica e do Fígaro, sentiríamos isso como se nos tivessem extraído um
órgão, como a perda parcial ou até total de um de nossos sentidos. Quantas
vezes, nas horas de desalento, quando mesmo o céu azul ou a noite estrelada não
nos conseguem alegrar e não encontramos um livro de poesia que nos conforte,
quantas vezes, surge, então, dos tesouros velados da memória, uma canção de
Schubert, um compasso de Mozart, o som de uma missa, uma sonata – não sabemos
mais onde e quando a ouvimos – resplandecendo fulgurantemente a nossa alma,
despertando-nos, mitigando, com mãos amorosas, as nossas fundas feridas. Que
seria de nossa vida sem a música?
***
1877-1962 |
Sessão Espetacular - Jobim e Gnattali
Portal Relíquia......os gênios se confidenciam..............as palavras voam como borboletas sonoras.................que maravilha!
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