Muitos alunos e amigos têm me procurado para obter mais informações sobre a formação musical atual. Isto incluindo graduações, pós graduações e também cursos que possam ajudar na melhora da performance, da cultura musical e também na formação de professores. Como todos já sabem, a internet escancarou gratuitamente ou mesmo pago e aproximou o conhecimento em todas as suas áreas. Como muitos estão dizendo por aí: - O difícil é saber por onde começar, já que hoje todos ensinam alguma coisa ou postam suas críticas e opiniões a respeito disso ou daquilo.
Fomos bater um papo com o professor e músico
Alex Tiso para entender algumas das questões acima e entender melhor como anda a Educação Musical em nosso país. Confiram:
1 1- Alex, gostaria de saber como você vê e entende
hoje os desafios para a Educação Musical!!?
Realmente não são fáceis. Mas vamos dividir
essa educação musical em duas vertentes.
A primeira pelo lado do ensino
performático, tradicional, aquele se vê em escolas de música e conservatórios.
Neste locais, o foco ainda é, na maioria das vezes, a relação entre o aluno e o
instrumento, ou seja, a visão tradicional de se ensinar música somente pelo
aprendizado de um instrumento e não o ensino da música como um todo. Não estou
falando que isso é certo ou errado, apenas deixando um parecer de quem vive (e
viveu) os dois lados da moeda.
Já pela vertente da educação musical, a
qual tem surgido como uma proposta de inclusão nas escolas regulares também, e
cuja função é dotar o aluno de um conhecimento mais amplo, privilegiando a
música como um todo, esta sim, ao meu ver, é o lado que mais tem despertado o
interesse de um modo geral.
Pois bem, e onde está a dificuldade
principal nisso tudo? Justamente a capacitação de profissionais competentes e
compromissados com essa nova visão de educar através da musicalização. Acredito
que este seja o maior desafio no momento.
2- Você Graduou-se no curso de Música à distância
pelo UNIS-Varginha e assim, como sentiu a importância deste curso na sua formação atual
de professor?
A graduação em Educação Musical me fez ver
justamente esse outro lado do ensino musical, ou seja, a formação do sujeito
através da música. O entendimento da música por outros canais que não só pelo
ensino instrumental. Abriu meus olhos para novas maneiras de ensinar,
individualizando de certa forma o educar, onde cada aluno tem sua
particularidade, ao mesmo tempo que esta particularidade tende a ser resolvida
como trabalho em grupo.
3 3- evido ao seu grande destaque como aluno, hoje
você integra o corpo de professores do UNIS de Varginha. Você poderia falar um
pouco das matérias que leciona e como tem sido esta experiência?
Está sendo realmente uma nova experiência
depois de 25 anos dentro de uma sala de aula. Porque nova? Porque o EaD (Ensino
à Distância), faz com que o professor desenvolva novas técnicas e utilize novas
ferramentas para alcançar seus alunos.
Logicamente, a tecnologia é a principal
delas. Desde o início de 2015 venho atuando como tutor não só em música mas em
outras áreas do conhecimento também. Especificamente no campo musical, este
ano, assumi as disciplinas de Estruturação e Percepção Musical e também
História da Música Popular Brasileira.
Tenho buscado, através destas duas
disciplinas mostrar que prática e teoria são elementos indissociáveis e que, há
maneiras de se compartilhar aprendizado e conteúdos, fugindo das maneiras mais
conservadoras de ensino musical.
4 4- A música na escola voltou a ser inserida como
conteúdo obrigatório no Brasil desde 2011. Acredito que pensando nisso muitas
faculdades abriram cursos presenciais ou à distância para graduar profissionais
na área e assim preencher as vagas que por ventura apareçam. Como anda este processo
de regulamentação e obrigatoriedade do curso de música nas escolas? Hoje ao seu
modo de ver, os profissionais com graduação têm mercado para lecionar? Como
anda esta realidade?
Ainda caminhamos a passos lentos, quando o
assunto é Educação Musical na Escola. Como você mesmo citou, o que era para ter
acontecido em 2011, ainda não é uma realidade consistente. Tem melhorado e
crescido sim o mercado, ano após ano. Acredito que só com a graduação de
profissionais nesta área é que o mercado irá mudar. Prova disso é que, no
último concurso para o Estado, vários Graduados estão assumindo as vagas de
antigos professores. Bom para uns, ruim para outros, mas justo para que está
investindo.
5- Você poderia falar um pouco para os alunos como
é esta Graduação em Música à distância na Universidade que você leciona? Os
objetivos, algumas matérias obrigatórias, público que quer atingir e áreas que
ela oferece?
É uma licenciatura, ou seja, voltada para
quem quer lecionar música, com foco principalmente na Educação Musical, tanto
na escola regular quanto em escolas de música. O objetivo maior é capacitar
pessoas para que através da música desenvolvam e despertem em seus alunos
capacidades cognitivas, inter-relacionamento de conteúdos, ou seja, aprendam a
aprender. No curso, além das disciplinas musicais tais como Estruturação e
Percepção, História da Música Mundial e Brasileira, Tecnologia Aplicada a
Música, Canto Coral e Regência, Educação Musical e Instrumentos musicalizadores
como a Flauta, o Teclado e o violão, há ainda as matérias multidisciplinares
como Prática de Formação, Didática, Libras, dentre outras. É uma grade
bastante extensa, dividida em 4 anos.
6 6- Que conselhos você daria para o jovem estudante
de música que pensa em fazer uma faculdade de Música à distância?
Primeiramente estar consciente que, por ser
EaD, não é sinal de facilidade e sim de flexibilidade. Costumo dizer que,
aquele que pensa em fazer um curso à distância porque é mais fácil, engana-se!
Disciplina, dedicação, foco e determinação são predicados essenciais para seu
sucesso. Outro destaque importante é que a licenciatura abre novos caminhos e
perspectivas dentro da música. Não só a sala de aula como educador musical mas
também a questão de encarar novos desafios de interação da música com outros conhecimentos.
7 7- Para finalizar, como professor como você vê o
perfil dos alunos do UNIS? Como eles têm buscado o conhecimento dentro e fora
da instituição? E como a tecnologia tem contribuído para isso?
Muito bem. O perfil do aluno não só do UNIS
mas de uma forma geral tem mudado muito com o advento da tecnologia. Desde a
comercialização até as formas de acesso cultural, tudo gira muito rápido... O
que ontem era novidade hoje pode ser banal e ultrapassado. Então, vejo que o
papel do aluno é estar em sintonia e ciente destas mudanças para que esteja
sempre apto e preparado para novos desafios. Tenho notado isso no UNIS enquanto
instituição de ensino, que é justamente essa preocupação na capacitação de seus
alunos.
Edgard, quero te agradecer e reverenciar
todo aprendizado que tive e tenho com você. Grande parte do que aprendi devo a
sua sabedoria e sua forma impar de visualizar a música com outros olhos.
Obrigado por transformar nossa cultura em
tantos elementos diferentes. Obrigado por fazer desse blog uma referência
cultural e fonte de pesquisa inesgotável.
Um grande e forte abraço musical.
Alex, agradeço imensamente
sua participação e suas palavras e tenho certeza que ajudará muita gente
interessada em trilhar o caminho da música a entender os desafios para o
estudo da música e assim obter resultados positivos.
Desejo-lhe muito sucesso nesta nova jornada, agora também no ensino superior, e
parabéns por todos os objetivos conquistados. Suscesso sempre Alex!