Dica de Filme! Já nas Locadoras!

"NÃO ACREDITE EM NADA QUE SEU PROFESSOR DIZ! QUESTIONE TUDO!


HANS-JOAQUIM KOELLREUTTER




Suite Brasileira para Violoncelo e Piano (Mehmari)

Suite Brasileira para Violoncelo e Piano (Mehmari)
NOVIDADE: https://www.youtube.com/watch?v=NymoG_qNyLY

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Homenagem ao Led..............

A excelente banda Heart interpreta o clássico mais famoso da banda imortal Led Zeppelin......."Stairway to Heaven"....................sem mais palavras! Música na veia!...........e os mestres se emocionam e vibram.........

...............emocinante! Vale a pena conferir!


terça-feira, 25 de junho de 2013

Apresentação especial no Conservatório!

Nesta quinta-feira dia 27 de junho, além da apresentação do grupo de alunos do Laboratório C.A.P, teremos também alunos de vários instrumentos tocando obras diversas do repertório popular e clássico...

Prestigiem e compareçam...

clique na imagem abaixo para ampliar...







quarta-feira, 19 de junho de 2013

Conversa Afinada - Clayton Prosperi


Mais uma Conversa Afinada mega "special" para vocês...

Desta vez o multi-instrumentista e compositor Clayton Prosperi de Três Pontas, nos privilegia com sua experiência e seus olhares sobre o universo da Arte...

Fico muito feliz de compartilhar este aconchegante espaço com uma pessoa consciente e super antenada no melhor da música...

Confiram, pois está fantástica esta Conversa Afinada. Anotem as dicas...todas.......e mergulhem no vasto mundo que o Clayton nos apresenta. Boa viagem "Prosperiana..."




Satie -  Clayton, você é um multi-instrumentista, compositor e também grande pesquisador da boa música, além de um ouvinte super cuidadoso. Queria que você falasse para os nossos alunos sobre a importância de "Ouvir" e conhecer a história da música no aprendizado do instrumento.

Clayton - Sempre falo sobre essa questão com meus alunos. Acredito que conhecer o universo da música, enfrentar e entender seus desafios, requer, além do estudo assíduo e concentrado do instrumento, uma constante busca pelo universo musical que nos permeia. Conhecer sua história, seus 'protagonistas', compositores, instrumentistas, intérpretes, entender essas relações em conjunto com a prática, possibilita ao estudante de música (independentemente do instrumento que estuda-toca) uma compreensão mais abrangente daquilo que se estuda, e consequentemente uma execução melhor.
Sempre pergunto aos meus alunos sobre aquilo que estão estudando e incentivo ao máximo a pesquisa daquilo que se toca e também daquilo que se ouve. É preciso desenvolver não só o nosso senso...mas também o nosso "ouvido" crítico. A internet está ai para ajudar, e não existem mais desculpas sobre o acesso à informação. Hoje em dia está muito mais fácil saber sobre a MÚSICA  do que antes, a distância se encontra entre a sua vontade e um simples clicar no teclado de um computador.

Satie- São muitos anos dedicados 'a música. Desde os estudos juvenis no conservatório. Faculdade, concursos de piano, festivais, aulas e todas as apresentações solo ou em grupo por todo o Brasil. Gostaria que você descrevesse alguns momentos que foram muito marcantes em sua carreira musical.


Clayton - Realmente foram e espero ainda que sejam muitos anos de amor à música. Ela me proporcionou momentos marcantes e inesquecíveis na minha trajetória. Minha primeira conquista em 1994 no antigo festival da canção de Boa Esperança, atual FENAC, com o segundo lugar e melhor arranjo. Minha participação em um dos mais respeitados concursos musicais já feitos no país, o Prêmio VISA terceira edição em 2002 em São Paulo no teatro Cultura Artística, dedicada aos compositores, onde fui semifinalista e  concorri ao lado de grandes nomes como Dante Ozzeti, Flávio Henrique, Chico Pinheiro, Rafael Altério, Juarez Moreira, Simone Guimarães e Jorge Vercilo. Também a emoção de ter uma composição minha em parceria com o compositor Haroldo Jr. intilulada "Eu Pescador", magistralmente gravada por Milton Nascimento e Wagner Tiso no álbum mais recente "E a Gente Sonhando"... disco do qual tive a honra de participar nas gravações como instrumentista e cantor, e também na turnê que aconteceu em grandes centros e cidades do país onde acompanhei Milton tocando piano na minha canção. Meu encontro com o mestre Egberto Gismonti durante a turnê de Milton em Belo Horizonte, encontro que registrei em forma de crônica e que se encontra disponível na minha página do facebook. Minha apresentação na mostra de compositores da UFMG, onde fui aplaudido de pé por colegas e professores ao final de minha performance. Foram muitos que não me lembrei agora mas, deixo aqui esses para exemplificar.


Satie- Fale um pouco sobre suas maiores inspirações na música e cite 3 álbuns que têm importância fundamental na sua visão como compositor.

 Clayton - Bach e todos os grandes mestres da música erudita, incluindo nosso brasileiro Villa-Lobos, também na chamada "música popular" com  vários nomes...Tom Jobim, Milton Nascimento e os mineiros do Clube da Esquina, Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, Francis Hime, Ivan Lins, Djavan, João Bosco, Guinga, também os grandes mestres compositores e instrumentistas do Jazz como Miles Davis, Bill Evans, Coltrane, Thelonious Monk, Wes Motgomery etc . São muitos, procuro sempre ouvir e me inteirar do que considero boa música.
 Quanto aos álbuns é difícil citar só 3 mas vou sugerir aqui os álbuns:

 "Urubú" de Tom Jobim de 1976, "

A Página do Relâmpago Elétrico" do compositor e cantor mineiro "Beto Guedes

 e a gravação do "Réquiem" de Mozart sob a regência de Peter Shreier.

Satie - Você poderia falar um pouco de como se dá seu processo de composição?

Clayton - Não acontece comigo sempre da maneira clássica que todos imaginam, na verdade minha inspiração vem sempre de uma procura constante, depende; às vezes vem de maneira espontânea um trecho ou uma pequena ideia que aproveito e desenvolvo depois, às vezes faço de maneira mais rápida quando por encomenda, ou a composição demora a ser  terminada, outras acontecem rapidamente, tudo depende do tempo e da época em que foi composta. Meu grande parceiro nessa busca é o meu querido amigo...o piano.

Satie - Além da música, que outras artes te atraem e qual o significado destas para a evolução como músico?
  
Clayton - Aprecio em geral, todas as formas de manifestação artística, como as artes plásticas (Pintura, Escultura), mas a outra grande arte que aprecio é o Cinema. Acho que até por sua relação direta com a Música, uma sempre dependeu da outra e conheço e ouço muitos autores de trilhas cinematográficas que admiro e aprendo sempre com eles.

Satie -O que você anda ouvindo hoje?

Clayton - Se abrir o compartimento de cd do meu aparelho vai encontrar o álbum "Terra Brasilis" do Jobim, 

http://som13.com.br/#/antonio-carlos-jobim/albums/terra-brasilis
o álbum "Influências" do compositor, cantor e instrumentista Dori Caymmi

http://cliquemusic.uol.com.br/discos/ver/influencias-2
 e o álbum das obras completas de Ravel para piano.
http://www.allmusic.com/album/maurice-ravel-complete-piano-works-mw0001402357

Satie - Responda: O que é Música?

Clayton - Pergunta difícil...mas entendo a música como a mais perfeita forma de expressão e comunicação dos sons e da criação humana, maior que qualquer língua ou comunicação existente. Fala-se muito sobre seu poder construidor do intelecto e da mente, sobre a sua importância na formação e no caráter do indivíduo, mas acho ela muito maior que tudo isso.
A Música pra mim é vida, e nunca poderia ser de outra forma.


Taí, um abraço e sucesso ao Blog!

.............

Agradeço a entrevista e mais estas pérolas em palavras  e 
fiquem com a música de Clayton Prosperi.






domingo, 16 de junho de 2013

Segunda Verdi - Momentos Musicais!









Para comemorar nossa Segunda Verdi, nossos amigos do Clube da Ópera  escolheram seus momentos prediletos de suas óperas preferidas. Todas de Verdi, é claro. É para conhecermos melhor e nos deleitarmos...

Boa música é aqui -  Confiram:






Segundo Rosiane...

La Traviatta - 

La Traviatta -

Macbeth -

- Segundo Edson...

Com minha deusa Anna Netrebko!!! Si Vedetta - Rigoletto -


Com  Diana Damrau  - Rigoletto - 

Com Diana Damrau -          Rigoletto -

Tem um quarteto que também tenho grande apreço que é bela figlia del amor!!!! - Rigoletto - 

E por última, mas não menos importante!!! Di provença... - La Traviatta - 
http://www.youtube.com/watch?v=CkdDBdE7RbY


 Segundo Andréia...

La Forzza del destino - 

Otello -

Aida -

Boa tarde "Verdiana!"





sexta-feira, 14 de junho de 2013

Cinema no Conservatório - Ópera - Nabucco

clique na imagem para ampliar...


Mais informações sobre Verdi, Nabucco e outras óperas, no blog de nosso 
amigo do Clube da Ópera - João Paulo.....visitem:



quarta-feira, 12 de junho de 2013

Sessão Espetacular - Prieto

...meio-dia................desfalecido..............no entreato de uma ideia..............meia-noite...............desfigurado.........na coda da ilusão...............ainda tremulando...........Vivo!

Fui arrebatado por esta canção, do mundo de "Prieto", O Mar e as Montanhas...

Que tanto de poesia................que perfeição de linguagem..............que afinação, bom gosto, sutileza e construção impecável! E que time:

Piano: Prieto
Guitarra: Sandro Nogueira
Baixo: Roger de Assis
Trompete: Walmir Gil
Bateria: Anderson Alarça
Percussão: Caíto Marcondes
Vozes: Clayton Prosperi e Bia Góes


...e ainda respiro, atordoado, sonolento no paraíso dos sons...com uma coroa de "espelhos" na cabeça...
planeta celestial............o compositor que geme a estrela...........os intérpretes que servem o paralelo imenso..........de poucos..............das montanhas essências..........e o mar?
Ahhhhhhhh................essas águas que me batem em bocca chiusa e me afrontam a alma........e quem canta ao longe é o eco da sinceridade artística..............
.............que beleza!

 Prazer estar vivo para ouvir!

Parabéns "Diego, Prieto"

terça-feira, 11 de junho de 2013

Imagem Musical - Construindo "sons..."

Ada Bordado tem 13 anos e é uma das violinistas da Orquestra de Instrumentos Reciclados. O grupo foi formado em favela de Cateura, no Paraguai, onde há um grande lixão. Quando aulas de música começaram a ser oferecidas no local, havia mais crianças interessadas em participar do que instrumentos disponíveis. Então, os catadores se transformaram em luthiers e construíram instrumentos a partir de materiais encontrados no lixo. A incrível história do grupo inspirou o documentário "Landfill Harmonic". Em inglês, landfill quer dizer aterro, lixão. O nome do filme é um trocadilho com a palavra "philharmonic", que significa filarmônica. 

No trailer, vemos como soa uma suíte de Bach em violoncelo feito com latão de óleo: 

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Imagem Musical - Imogen Heap

No cume da montanha....dentro dos sabores dos sonhos mágicos..................levitando a essência dos paradisíacos sons que a vida me traz....

Nesta levada....venho aqui compartilhar uma das coisas mais interessantes que descobri dos últimos tempos na área popular....uma cantora, compositora singular... a inglesa - Imogen Jennifer Jane Heap. Reparem na curiosa formação desta cantora.


Ela usa e abusa da tecnologia.....mas de uma forma muito criativa que traz-me referências do fenomenal John Cage, da magistral Meredith Monk e ainda uma referência singela da cantora Bjork...no timbre vocal....e ora de uma cantora pop bem conhecida...

Experimentem a primeira canção.... Tem um sabor incrível..............



Agora penetrem neste mundo muito espontâneo........



Como se ela não bastasse, a cantora em questão é um fenômeno entre seus fãs e muitos, mas muitos mesmo gravam com maestria suas composições, tentando fazer um cover "humano" do que ela faz com suas "máquinas de voz..." ..........................vejam, é muito interessante este brinde da tecnologia...........




Apreciem sem moderação...

Abraços a todos

Robert


domingo, 9 de junho de 2013

Cinema no Conservatório - Pink Floyd...

Cine Villa-Lobos
Segunda dia 10 de Junho às 18:40


• Origem: Inglaterra
• Duração: 60 minutos – Ano - 2007

Quarenta anos depois do Pink Floyd lançar o seu álbum de estréia, "The Piper At The Gates Of Dawn", quando passou a ser uma das mais amadas bandas do mundo, este filme traz imagens de arquivo ao lado de entrevistas originais com seus integrantes e colaboradores, e traça o percurso de uma banda que teve cinco membros, três dos quais conduziram a banda em diferentes estágios de sua evolução.
Este excelente documentário demonstra que as feridas causadas pela separação forçada de Roger Waters e Pink Floyd ainda existem, apesar dos 20 minutos da cessação das hostilidades, que aconteceram no Live 8. Um filme para todos!

Imperdível!

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Parede Falante - Hermann Hesse

Ensaio de Hermann Hesse sobre Música, um texto raro; o livro do qual o retirei já esgotou a edição há bastante tempo. E por isso há alguns anos eu mesmo o copiei, digitando-o, para oferecer aos amigos. E infelizmente hoje Hesse é pouco lembrado como ensaísta. Então, guarde-o com carinho, mas antes imprima algumas cópias e distribua para a turma da Imagem Musical. São palavras emocionadas não de um músico, mas de um escritor e poeta sensível que amava música.


Abração
do Ailton Rocha


MÚSICA

(ensaio)

                                                              Hermann Hesse                                          

         Estou sentado, no meu modesto lugar, no canto da sala de concerto de que tanto gosto, por não ter ninguém sentado atrás de mim. O suave alvoroço e a profusa iluminação da sala repleta invadiram-me com uma doce e suave alegria. Aguardo o começo do concerto, lendo o programa, e sofro a doce tensão que, daqui a pouco, a batuta do regente elevará ao auge, mas que, no momento seguinte, o crescente primeiro som da orquestra vai aliviar e libertar. Não sei ainda se esse som será alto e excitante como os sons do baile estival dos insetos, em uma noite de julho, ou se será o de instrumentos de sopro, surdo e sufocante, em contrabaixos abafados. Não conheço a música que vou ouvir, mas há em mim um pressentimento e uma secreta busca, um mundo de desejos para o que vou ouvir, e, também, já um antegozo e uma segura confiança de que ouvirei boa música, pois amigos me haviam recomendado o concerto.

Na frente da grande sala branca, postaram-se as “falanges da batalha”. Altos e erectos, os contrabaixos, oscilando levemente com suas “gargantas de girafa”. Obedientes, inclinam-se os meditativos violoncelistas sobre as suas cordas. O tempo para a afinação dos instrumentos está preste a terminar. Um derradeiro toque experimental de uma clarineta ecoa, triunfal e hesitantemente, aos nossos ouvidos.

Agora chegou o delicioso momento: o regente, trajado de preto, empertiga-se; as luzes da sala apagam-se, de repente; sobre a estante reluz, fantasticamente iluminada por uma invisível lâmpada, a partitura branca. Nosso regente, que todos estimam, já deu o sinal com a batuta. Levanta e abre os braços. Empertiga-se mais ainda na concentrada tensão do instante. O regente joga agora a cabeça para trás. Mesmo de costas, adivinha-se o poder de comando que emana do relampear de seus olhos. Suas mãos se movem como pontas de asas. Em pouco tempo, curtas, ligeiras e espumosas ondas, saídas das cordas dos violinos, inundam a sala, a atmosfera e o meu coração. Dissipam-se a assistência e a sala, o regente e a orquestra, estremece e dissipa-se o mundo inteiro, para ser recriado, sob novas formas, na minha consciência. Ai do músico que tentasse, agora, construir um mundo pequeno e mesquinho, um mundo irreal, sofisticado, mentiroso, para nós que estamos sob o encanto da esperança!

Mas isso não acontecerá, pois há um mestre em ação. Do vazio e do abismo do caos ele lança uma onda ao ar, largo e poderoso. Acima dela surge, logo, um penhasco, uma ilha solitária, um inquieto refúgio acima do abismo dos mundos. Sobre o penhasco vê-se, em pé, um ser humano, o ser humano solitário no infinito. Na impassível solidão, ressoa o seu coração palpitante com um lamento alentador. Vemos aqui, de pé, um homem, um mestre, certamente, librando-se, hesitante, sobre o abismo, um homem em cuja voz pulsa o medo.

Mas eis que o mundo soa ao seu encontro. A melodia anima o incriado, a forma penetra o caos, o sentimento ressoa na infinidade do espaço. Surge o prodígio da arte, a repetição da criação. Vozes respondem à pergunta solitária, olhares luzem ao encontro dos olhos solicitantes, um coração pulsátil e a possibilidade de amor irrompem timidamente da solidão. Na alvorada de sua jovem consciência, o primeiro homem torna posse consentida da Terra. Desabrocha nele o orgulho e alegre e profunda ternura. A voz cresce e domina, proclamando a mensagem do amor.

Sobrevém o silêncio; terminou a primeira parte do concerto. E voltamos a ouvi-lo, o ser humano, cuja existência e cuja alma nos compreendem. A criação continua a processar-se, trava-se a guerra, sobrevêm a pobreza, a dor e o sofrimento. Postura erecta, lança do regente os seus lamentos, que nos compungem o coração. Sofre por um amor não retribuído, mas supera o terrível abandono pela inteligência e o autoconhecimento. Sua música, mergulhada na dor, manifesta-se em sons plangentes. A trompa clama lastimosa, em desespero. O violoncelo chora, tímido. A consonância de muitos instrumentos congela-se em tristeza, gélida e pálida, arrepiante e desesperada. Da noite do sofrimento elevam-se tristes e frias melodias, recordações de alegrias e felicidades passadas, como constelações obscuras ou desconhecidas.

Mas a última parte tece da tristeza um fio dourado de consolo e resignação. Como o oboé escala a dor e, vertendo todas as lágrimas, se aquieta no repouso! As pelejas terminam em bela serenidade. As turvações se diluem e, de repente, ficam tranquilas e puras. As dores se refugiam, com pudor, em um sorriso redentor. O desespero transforma-se com humildade, em compreensão da necessidade. A alegria e a ordem retornam, engrandecidas e mais promissoras. Encantos e belezas esquecidos voltam para participar de uma nova dança de roda. E tudo se harmoniza novamente, até a aflição e o prazer, e sobe, em grandes coros, cada vez mais para o alto. Céus se abrem e deuses recebem, com bênçãos e consolos, as impetuosas falanges dos anseios humanos. Reconciliado, conquistado e pacificado, flutua o mundo, um doce instante, durante seis compassos, em acabada perfeição, em si mesmo feliz e perfeito! E chegamos ao fim do concerto. Aturdido ainda pela profunda ressonância, procuramos um alívio, batendo palmas. E, no ruído de minutos de exaltação e das palmas, torna-se-nos compreensível, vemos confirmado por nós e pelos outros, que acabamos de viver horas belas e grandiosas.

Alguns músicos “profissionais” dizem ser condição falsa, de amadorismo, quando o ouvinte, durante uma audição, “vê”, pictoricamente, a música: com paisagens, pessoas, mares, tempestades, horas do dia, estações do ano. Eu, que sou tão leigo que não chego a distinguir claramente a tonalidade uma peça musical, a mim, parece-me bom e natural quando chego a sentir, pictoricamente, a música. Além do mais, já encontrei a interpretação “pictórica” mesmo entre músicos qualificados. É natural que, na audição de hoje, nem todos os ouvintes teriam visto os quadros que eu vi: a grande onda, o penhasco solitário, etc. Acredito, no entanto, que essa música devia, em cada ouvinte, produzir a mesma imagem de um crescimento e ser orgânicos, de um nascer, lutar e sofrer, e, finalmente, da vitória. Um bom caminhante poderia muito bem ter visto as imagens de uma longa e perigosa escalada nos Alpes; um filósofo, o despertar de sua consciência, o seu devir e o seu sofrer até ao estado perfeito da não-resistência; um justo, o caminho de uma alma em busca de Deus, afastando-se Dele, para reencontrá-lo em si, maior e purificado. Ninguém, todavia, que tivesse ouvido, atento, a audição, poderia desconhecer a curva dramática dessa imagem, a do caminho da criança para o adulto, do devir ao ser, da felicidade pessoal à reconciliação com a vontade do universo.

Em romances e folhetins satíricos e humorísticos, tenho, às vezes, encontrado escarnecidos como tipos miseráveis e deploráveis alguns frequentadores de concerto: o homem de negócios que, durante a marcha fúnebre da Heróica de Beethoven, pensa em seus papéis de crédito, a dama rica que assiste a um concerto de Brahms, para poder mostrar suas jóias; a mãe que, sob os sons da música de Mozart, leva a filha núbil ao mercado; e outras figuras do mesmo naipe. Sem dúvida, existem essas pessoas, o que explica a sua frequência nas obras literárias.

         A mim, todavia, pareceram sempre inconcebíveis e inexplicáveis. Que se possa ir a um concerto com a mesma disposição com que se vai a uma reunião social ou a um ato público: indiferente e apático ou, calculadamente, com propósitos egoístas, ou frívola e orgulhosamente, consigo entender, pois é humano e, por isso, motivo de zombaria. Eu mesmo, não podendo fixar os dias de concerto à minha vontade, já tenho ido sem estar disposto a concertos, assistindo-os cansado ou doente, aborrecido ou preocupado.

      Mas que haja pessoas capazes de ouvir uma sinfonia de Beethoven, uma serenata de Mozart, uma cantata de Bach – quando a batuta começa a dançar e os sons a fluir – com indiferença, com a alma inalterada, sem emoção e elevação, sem sobressalto, acanhamento ou tristeza, sem dor ou sem arrepios de alegria – isso, eu nunca soube compreender. Dificilmente existe alguém que possa entender, menos do que eu, as coisas técnicas – mal sei ler as notas musicais! – mas que nas obras dos grandes músicos, como em todas as artes, se condensa, potencializada, a vida humana, existe o que há de mais sério e importante para mim e para todo mundo, isso deveria ser percebido mesmo pelo mais modesto dos leigos! Nisso reside exatamente o segredo da música, que só nos exige a alma, porém integralmente. Não solicita a nossa inteligência, a nossa cultura. Representa, acima dos idiomas e das ciências, em configurações multisignificativas, mas em essência sempre evidentes, apenas a alma do ser humano. Quanto maior for o mestre, tanto mais ilimitada a validade e profundidade de sua contemplação e vivência. E cumpre não esquecer: quanto mais perfeita a forma puramente musical, tanto mais imediata a sua doce ação sobre a nossa alma. Não importa que um mestre aspirasse somente a alcançar a mais forte e mais rigorosa expressão para as inclinações de sua alma ou que tivesse perseguido, afastando-se de si mesmo, ansiosamente um sonho de pura beleza; em ambos os casos, a sua obra deve sem mais nem menos encontrar uma compreensão imediata. O aspecto técnico da obra há de ser discutido depois. Se Beethoven, em qualquer de suas peças, não colocou as notas para violino ao fácil alcance do intérprete; se Berlioz, em algum lugar, com a entrada de trompas, houvesse buscado um efeito audacioso, se o efeito poderoso, deste ou daquele trecho, se deve a um “ponto de órgão” ou, quanto ao timbre, ao abafamento do som dos violoncelos, ou a qualquer outro recurso, é bom e útil sabê-lo mas, para o gozo da música, esse conhecimento é naturalmente desnecessário.

E acredito até que, ocasionalmente, um leigo consiga ter uma opinião mais acertada e mais pura sobre a música que alguns músicos. Existem não poucas peças que, como um jogo agradável mas pouco importante, passam ruidosamente pelos ouvidos do leigo, sem lhe causar grande impressão, enquanto sua perfeição técnica entusiasma o iniciado. Assim, julgamos também nós, os literatos, algumas obras poéticas, onde o leigo não encontra encanto algum. Mas não conheço nenhuma grande obra de artista genial, que exerça apenas o seu encanto entre os entendidos. Além do mais, somos nós, os leigos, tão felizes, que conseguimos gozar uma grande obra, mesmo se a execução for, em parte, imperfeita. Levantamo-nos com os olhos úmidos e, no âmago de nossa alma, nos sentimos embalados, exortados, acusados, pacificados, reconciliados, enquanto o profissional critica o andamento ou deixa de alegrar-se, devido a uma entrada extemporânea.

Certamente, desfruta o entendido também de prazeres, perante os quais nós, os não versados, falhamos. Contudo, exatamente as raras, exímias execuções quanto à pureza sonora: a consonância de um quarteto de corda de excelentes velhos instrumentos; o encanto da voz de um excelente tenor; a voz cheia e quente de um contralto é sentida por um ouvido sensível, sem a necessidade do conhecimento teórico, elementarmente. Essa acuidade de percepção depende da sensibilidade sensorial, não da cultura, embora o desfrute sensorial possa ser ensinado. Algo parecido ocorre com a produção dos regentes. Nas obras de alto valor, o nível de uma produção não será ditada apenas pela mestria técnica do regente de orquestra, e, sim, muito mais, pela sua sensibilidade humana, sua profundidade espiritual, sua seriedade pessoal.

Que seria de nossa vida sem a música? Mas por que lembrar logo os concertos? Em mil casos basta-nos dedilhar umas notas no piano, assobiar, cantar ou murmurar uma melodia ou, mesmo apenas lembrar alguns compassos inesquecíveis. Se, a mim ou a qualquer pessoa com dons musicais, tirassem, proibissem ou apagassem violentamente da memória, por exemplo, os corais de Bach, as árias da Flauta Mágica e do Fígaro, sentiríamos isso como se nos tivessem extraído um órgão, como a perda parcial ou até total de um de nossos sentidos. Quantas vezes, nas horas de desalento, quando mesmo o céu azul ou a noite estrelada não nos conseguem alegrar e não encontramos um livro de poesia que nos conforte, quantas vezes, surge, então, dos tesouros velados da memória, uma canção de Schubert, um compasso de Mozart, o som de uma missa, uma sonata – não sabemos mais onde e quando a ouvimos – resplandecendo fulgurantemente a nossa alma, despertando-nos, mitigando, com mãos amorosas, as nossas fundas feridas. Que seria de nossa vida sem a música?


***

1877-1962




Sessão Espetacular - Jobim e Gnattali

Portal Relíquia......os gênios se confidenciam..............as palavras voam como borboletas sonoras.................que maravilha!