Dica de Filme! Já nas Locadoras!

"NÃO ACREDITE EM NADA QUE SEU PROFESSOR DIZ! QUESTIONE TUDO!


HANS-JOAQUIM KOELLREUTTER




Suite Brasileira para Violoncelo e Piano (Mehmari)

Suite Brasileira para Violoncelo e Piano (Mehmari)
NOVIDADE: https://www.youtube.com/watch?v=NymoG_qNyLY

terça-feira, 26 de maio de 2015

Parede Falante - Pedro Calderon de La Barca!

Perdido em um memorável monólogo, aqui compartilho com todos vocês uma pérola que me deixou sem fôlego a anos atrás e hoje novamente me emociono diante tamanha beleza de palavras.

Mas confesso, que fora o cinema o responsável por me apresentar esta obra e me dar este trecho que aqui publico:

Vamos à primeira dose:

As palavras por elas mesmas!

"Ai de mim, ai, pobre de mim!
Aqui estou, ó Deus, para entender que crime cometi contra Vós.
Mas, se nasci, eu já entendo o crime que cometi.
Aí está motivo suficiente para Vossa justiça, Vosso rigor, porque o crime maior do homem é ter nascido.
Para apurar meus cuidados, só queria saber que outros crimes cometi contra Vós além do crime de nascer. Não nasceram outros também?
Pois, se os outros nasceram, que privilégios tiveram que eu jamais gozei?
Nasce uma ave e, embelezada por seus ricos enfeites, não passa de flor de plumas, ramalhete alado quando veloz cortando salões aéreos, recusa piedade ao ninho que abandona em paz.
E eu, tendo mais instinto, tenho menos liberdade?
Nasce uma fera e, com a pele respingada de belas manchas, que lembram estrelas.
Logo, atrevida e feroz, a necessidade humana lhe ensina a crueldade, monstro de seu labirinto.
E eu, tendo mais alma, tenho menos liberdade?
Nasce um peixe, aborto de ovas e Iodo e, feito um barco de escamas sobre as ondas, ele gira, gira por toda parte, exibindo a imensa habilidade que lhe dá um coração frio.
E eu, tendo mais escolha, tenho menos liberdade?
Nasce um riacho, serpente prateada, que dentre flores surge de repente e de repente, entre flores se esconde onde músico celebra a piedade das flores que lhe dão um campo aberto à sua fuga.
E eu, tendo mais vida, tenho menos liberdade?
Assim, assim chegando a esta paixão, um vulcão qual o Etna quisera arrancar do peito, pedaços do coração.
Que lei, justiça ou razão pôde recusar aos homens privilégio tão suave, exceção tão única que Deus deu a um cristal, a um peixe, a uma fera e a uma ave?"

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 A segunda dose:

A cena do filme Tempos de Paz - com a música genial de Egberto Gsimonti!

(O monólogo, ou solilóquio, como preferirem, parte do livro A Vida é Sonho de Pedro Calderon de La Barca(1600-1681), foi no Brasil usado primeiramente na peça teatral Novas Diretrizes em Tempos de Paz, de Bosco Brasil, e, em 2009, foi adaptada para o cinema pelo diretor e produtor Daniel Filho.)

O monólogo, que se torna mais emocionante ainda se de antemão for sabido que está sendo proferido por um príncipe polonês prisioneiro em uma torre e que de lá faz indagações sobre vida e liberdade...)


https://www.youtube.com/watch?v=gh_4QRTmyHQ

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Entrego-me para sempre ao imortal e celeste palácio da arte......................e só a ela me abasteço noite e dia!

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Conheça os bastidores do filme e depois procure assistir na íntegra esta preciosidade.
https://www.youtube.com/watch?v=K_fHqe2lmu4



terça-feira, 12 de maio de 2015

Faixa a Faixa! Academia de Danças - Egberto Gismonti!

Estamos aqui para desvendar um dos mais importantes discos da música brasileira. O incomparável - Academia de Danças(1974) do também genial - Egberto Gismonti.

E para esta coluna vou pedir licença e colocar os comentários de Eudes Baima encontrados no interessante site - Consultoria do Rock, que sintetizou fantasticamente um pouco deste universo. Lá vocês podem encontrar também comentários de outra pérola de Egberto - Corações Futuristas -
http://consultoriadorock.com/2014/05/30/a-fase-progressiva-de-egberto-gismonti/

E assim, faixa a faixa vocês poderão conhecer este trabalho primoroso. Degustem e procurem a "oportunidade" de se misturar com o melhor da música!


Por Eudes Baima
Academia de Danças

O lado A de Academia de Danças, denominado Corações Futuristas, tem como mote os contos árabes das Mil e Uma Noites, e se compõe de uma longa suíte conceitual, e o lado B, batizado com o mesmo nome do álbum, de peças avulsas, com exceção dos dois temas finais que remetem ao interesse de Egberto pela música do Alto Xingu (que viria ser a ideia a conduzir seu álbum Sol do Meio Dia, de 1978).

O disco abre com “Palácio de Pinturas”, uma peça profundamente meditativa, iniciada com uma sequência orquestral, pontuada pelo Arp Odissey de Egberto, para entrar num belíssimo solo vocal, de uma cantora creditada apenas como Dulce, sobre uma base dedilhada ao violão. A melancolia vai, aos poucos, se tornando dramática, com a entrada da banda, marcada por uma condução pesada de Robertinho e sublinhada pela linha de órgão, que tanto pode ser de Egberto como do tecladista Tenório Júnior, para finalmente desembocar numa passagem jazzística, bastante próxima de certas sonoridades cultivada pela Mahavishnu Orchestra, com uma base rítmica onde Roberto Silva mostra porque é um dos maiores do mundo no instrumento.

A mudança de clima da faixa de abertura marca a passagem para “Jardim dos Prazeres”, um exercício jazz-rock de condução contundente e complexa, com impossíveis solos de violão. Na verdade é um baião enlouquecido, emoldurado por delicada cercadura de teclados eletrônicos.

“Celebração de Núpcias” retoma o tom mezzo melancólico, mezzo dramático, em torno de uma lindíssima melodia onde Egberto entrelaça sua voz com a de Dulce, enquanto alinhava filigranas ao violão, sobre uma orquestração de cellos e violinos em pizzicato que fornece um clima de devaneio e de paisagem abstrata. Uma pérola que, entre as maravilhas dos discos se sobressaia como o ponto culminante, embora estejamos ainda no começo da audição.

“A Porta Encantada” nos traz um diálogo entre o violão irreproduzível de Egberto com seus teclados sintetizadores, numa oposição delicadeza-rispidez, tudo sobre uma arranjo de cordas que nos remete a uma sensação de infinitude.

 “A Porta” introduz na verdade uma versão pesada, eletro-eletrônica do tema-força que percorre todo o disco, “Jardim dos Prazeres”, mas que, nessa versão recebe o nome de “Scheherezade”, e que encerra o lado que se poderia qualificar como conceitual.


Se, até aqui, o ouvinte está ofegante pela inquietante variação de temas, climas e execuções, Egberto dá uma pausa, mas só para nos sufocar com outras armas: a atmosfera opressiva da dobrada “Bodas de Prata-Quatro Cantos” que, além das lindas melodias, têm letras versando sobre o amargor do fim do amor. O clima opressivo, ou depressivo, se quiserem, é “comentado” pela linha de órgão soturna que funciona como contraste da límpida base executada ao piano. Nas duas faixas, deliberadamente enfileiradas, a abordagem elétrica se dá do ponto de vista da canção brasileira tradicional, mesmo que, de convencional, não haja nada aqui. Ao contrário, as duas faixas têm harmonia de entortar os dedos dos que por elas se aventurarem. Uma versão alternativa e maravilhosa destas canções foi gravada pelo violoncelista sino-francês Yo-Yo Ma.

Bodas de Prata

Quatro Cantos


A pausa intimista, mas, como disse, nada amena, prepara a entrada de outro ponto culminante do disco, a versão orquestral-elétrica para a já conhecida “Vila Rica 1720″, antes registrada com vocais no altamente recomendável Água & Vinho, de 1972. Intensa, mas quase uma vinheta, 


a faixa anuncia “Continuidade dos Parques”, com sua introdução jazz que se derrama numa melodia em scat que alterna sua suavidade vocal com breaks de certa violência.


“Conforme a Altura do Sol/Conforme a Altura da Lua” nos traz de volta a altas voltagens de fusão, aqui reunindo um tema indígena, arranjo de bases de hard bop, com improvisos de Egberto pilotando seus sintetizadores e seu piano acústico de um jeito de fazer certos tecladistas de conservatório do prog inglês pensarem em desistir da profissão. O clima concretista da parte final nos lembra certas ousadias de Hermeto Paschoal, ou os momentos mais free de formações como o Soft Machine. 

Conforme a Altura do sol.

Conforme a altura da lua.

Para o redator do Blog Esquina do Rock,
Academia de Danças é um dos mais complexos discos de progressivo já gravado no Brasil e deve ser necessariamente conhecido pelos pesquisadores deste gênero (…) entretanto, ele extrapola todas as influências que naturalmente ocorriam nesta época, nos grupos de progressivo das terras brasileiras, sendo um exemplo de originalidade musical.
Muito bem dito.

Para quem quiser invadir mais ainda este universo, assistam o também interessante programa - Som do Vinil, onde Egberto Gismonti é entrevistado para falar deste disco célebre. É imperdível!





quarta-feira, 6 de maio de 2015

O que é a vida???? Provocações! Abujamra!

Semana passada fui surpreendido por uma notícia muito triste! A morte deste gênio, ator e apresentador - Antônio Abujamra. Uma das personalidades mais interessantes deste país que nem chamo de Brasil mais. O país "Dúvida!".
Era de arrepiar a abertura do programa Provocações que ia ao ar toda semana na TV Cultura. Jà no próprio nome, talvez a essência do que realmente é a Arte. "Provocar!" - já ficávamos sem ar com o grito grego que ecoava da garganta deste gigante da comunicação!

...Ai de mim...............................................!

Fiquei muito chocado por esta perda, como sempre nos ausentam os grandes! Este sentimento que traz um vazio no coração e olha que nem é parente  da gente, mas que é melhor que parente, nos faz melhores e mais fortes para entender a dura caminhada! Vazio, meus caros, vazio......foi assim que senti! É como ver um guerreiro nobre do nosso modesto exército, enfim cair para o além..........

Mas a imagem e suas palavras vão perdurar e ainda vão alimentar gerações.

"Este programa pode não ser uma janela aberta para o mundo, mas é certamente um periscópio sobre o  oceano do social Provocações, Provocações!"

Me silencio......................choro.......................... um grito tão dolorido ao clamor da vida me admite - Vivo!

Com vocês - Provocações:








E eu vos pergunto:
O que é a vida caros leitores, caros ouvintes??
O que é - A vida?