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Suite Brasileira para Violoncelo e Piano (Mehmari)

Suite Brasileira para Violoncelo e Piano (Mehmari)
NOVIDADE: https://www.youtube.com/watch?v=NymoG_qNyLY

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Perdido num vulgo ano de 2007! Mulheres Compositoras e Mùsica de Fronteira

Hum.... tempo de grandes reflexões...
Nossa aventura ontem foi em busca dos mundos :
Erudito X Popular !!!!!!! Interessante análise... Investigamos algumas facetas destes horizontes e pudemos continuar conhecendo um pouco de nosso universo - a música brasileira...
Assistimos exclusivamente o encontro inesperado de Hermeto Pascoal e Elis Regina no festival de Montreaux na 
Suiça na década de 70... História pra lá de alucinante.... e música .... é......... é.......... bem.......... "sobrenatural????"

Caminhos interessantes, como disse ontem, Erudito ou Popular ??? Acho melhor.... - música de fronteira ! Como Mehmari, Gismonti, Guinga, Nelson ângelo !!!

Guinga - Age Maria

André Mehmari - Quase um Anjo

Egberto GIsmonti - Palácio de Pinturas - 

Nelson ângelo - 1974

Falamos também do universo feminino. Onde estão as mulheres na música.. ?? Compositoras ???


Apoiados na importância de Clara Schumann, deixo aqui uma curiosa reflexão sobre as mulheres na música !!! Não deixem de guardar este material... E desde já peço permissão ao Estado de Sâo Paulo para republicar este interessante texto.


O exílio feminino na criação erudita
Segunda-feira, 09 de Julho de 2007 às 17h28
O Estado de S.Paulo
'Esta separação temporária deixou claro para mim que nossa situação é particularmente difícil. Será que preciso sacrificar meu talento só para servir como seu companheiro de viagem? E, inversamente, será que você tem que 
jogar seu talento no lixo só porque estou acorrentado à revista e ao piano? ' Robert Schumann estava mais 
deprimido do que o seu normal naquele início de março de 1842. Ele, com 32 anos, largara sozinha a bela esposa Clara, de 23 aninhos, em plena turnê. O estopim foi a recepção à pianista em Oldenburg para a qual Robert 
não fora convidado. As brigas se sucediam, ele reclamando daquela 'indigna situação' e de ela sequer programar peças dele em suas turnês. A coisa não estava mesmo fácil. Mas o fato é que Clara Schumann (1819-1896) teve oito filhos com Robert, sustentou a casa praticamente todo o período de casamento, de 1834 a 1856, 
pagou as internações dele. Deu casa, comida, roupa lavada ao marido e à penca de filhos. E - ia esquecendo - 
ainda encontrou tempo para compor.
Quando se fala em mulheres e música, Clara é a primeira a ser citada. Com justiça - ela foi única na relação
 marido-mulher na primeira metade do século 19. E sua música tem certo interesse, como o público poderá 
conferir no Festival de Inverno de Campos do Jordão no dia 18, quando Sonia Rubinsky será solista do seu 
Concerto para Piano e Orquestra, ao lado da Sinfônica de Campinas. Clara inverteu de modo fulminante a condição da mulher musicista do século 19 para cá. Um rápido exame mostra uma lista de cantoras e pianistas bem grande. Mas quando se pensa nas autoras, o cenário é outro. Muito rarefeito. Atribui-se o fato à repressão, bem mais pesada, contra a mulher como compositora. Como cantora e instrumentista, tudo bem, mas aventurar-se num domínio eminentemente masculino era petulância demais.
As histórias da música em geral recalcam as mulheres compositoras - preconceito que só agora começa a ser enfrentado pela musicologia. No século 18, várias mulheres trabalhavam com música nas centenas de 
pequenas cortes espalhadas pela Europa. Às vezes escondiam-se em pseudônimos para não provocar a fúria masculina. É o caso de uma tal de Miss Philharmonia. Não se tem nenhuma documentação sobre ela, 
a não ser seis divertimentos e seis sonatas, publicados em Londres no século 18. Outra figura rara foi Anna Bon di Venezia,
que trabalhou como cravista na corte de Bayreuth. Encantado com ela, seu patrão lhe 
deu o título de 'virtuosa di musica di camera'. Ana Bon também tocou na orquestra de Esterhazy, 
comandada por Josef Haydn. Escreveu até uma missa e uma ópera, que se perderam. Morreu em 1765.
Fanny Mendelssohn Hensel
, talentosa contemporânea de Clara, não teve tanta sorte, apesar do 
sobrenome também ilustre. Ambas foram compositoras e merecem ser ouvidas com atenção. Porém, só são conhecidas daqueles que se dispõem a ler as biografias de Mendelssohn e Schumann. Fanny 
nasceu em 1805, quatro anos antes de Félix. Juntos formavam o par perfeito ao piano. 
Ela estudou composição com Zelter, o mesmo professor de Félix; casou-se com o pintor Hensel. Chegou a publicar seis lieder com o nome do irmão, mas o restante de suas obras só foi publicado postumamente. A Sony acaba de lançar no mercado internacional um ótimo CD com a pianista Lauma Skride. O prato principal e exclusivo é o ciclo pianístico O Ano - 12 Peças Características, assinado por Fanny. A graça, leveza e adequação de 
sua escrita pianística são incontestáveis.
Episódios de recalques e preconceito com relação às mulheres compositoras continuaram 
ocorrendo no século 20. O genial jornalista e polemista vienense Karl Kraus escreveu, em carta de 1916: 'Hoje Schoenberg veio me visitar (...) mostrei-lhe a Metamorfosi de Dora (poema de Kraus musicado por Dora Pejacevic, amiga de ambos). Ele considera natural que uma mulher não pode ser uma criadora musical, mas mesmo assim elogiou a composição.' É claro que a situação melhorou, a ponto de a grande pedagoga da 
composição européia ser uma mulher, Nadia Boulanger (1887- 1979).
 Depois de a trinca de ouro
 Stravinsky-Prokofiev-Shostakovich dominar a cena russa durante a primeira metade do século, a 
segunda metade tem em mulheres dois terços da atual trinca de ouro: Alfred Schnittke (1934- 1998) 
espreme-se entre Sofia Gubaidulina,
 com 76 anos, e Galina Ustvólskaya (1919-2006).

No Brasil, o século 20 foi pródigo em grandes musicistas. É impressionante a longevidade das três maiores figuras feministas na música brasileira. A soprano Bidu Sayão
 viveu 97 anos, entre 1902 e 1999; a pianista 
Magda Tagliaferro
 pintou os cabelos cor-de-fogo até os 93 (viveu entre 1893 e 1986); e 
Guiomar Novaes
 viveu 83 anos (entre 1896 e 1979). Mas elas são performers, e não compositoras. 
Ainda bem que o Festival de Inverno de Campos do Jordão, antenado, além de convidar 
intérpretes como a pianista Cristina Ortiz ou as musicistas do Trio Eroica, escolheu Jocy de Oliveira
como compositora residente desta edição. Perto de completar 70 anos em 2007, esta paranaense tocou Stravinsky regida pelo próprio, teve obras dedicadas a ela por nomes como Luciano Berio e Iannis Xenakis. E é hoje a mais importante compositora brasileira dedicada à criação multimeios, ou multimídia.
Gestos como este, de escolher a mulher como tema de um festival inteiro, são conseqüência direta da 
emergência do feminismo e dos 'estudos culturais', que felizmente acabaram, de certa forma, com os preconceitos recorrentes na história da música. Sempre haverá os 'porcos chovinistas', gente como o compositor
 americano Charles Ives (1874- 1954), que esculhambava até autores machos sobre os quais pairasse 
a menor dúvida sobre sua masculinidade. Dizia, por exemplo, que Chopin devia usar saias.
Mas, cá entre nós, uma pesquisa sempre ajuda a calar a boca dos preconceituosos. Foi o que fez 
Marianne Hassler, no artigo Biologia e Criatividade, incluído em Il Sapere Musicale, terceiro volume da enciclopédia editada pela Einaudi italiana e coordenada por Jean-Jacques Nattiez (2002, Turim). Ela se perguntou: será que a composição de uma mulher vale menos do que a de um homem?; o método de compor feminino se
 reconhece, por exemplo, no tipo e número dos instrumentos escolhidos?; as mulheres compõem de modo diverso dos homens, ou seja, existe um estilo de composição feminino?; e as mulheres compositoras têm traços de personalidade diferentes dos homens compositores? Todas as respostas são negativas. 
Não é possível estabelecer qualquer diferença marcada. Hassler foi fundo. Para responder à primeira pergunta, 17 rapazes e 13 moças compuseram uma pequena peça; executaram uma peça; improvisaram livremente;
 e improvisaram sobre um tema dado. Quatro especialistas julgaram os resultados sem conhecer os autores. 
Não foi possível destacar nenhum critério composicional tipicamente masculino ou feminino.
Finalmente: há um estilo feminino e um masculino de composição? O psicanalista Carl Jung dizia que o  homem extrai suas forças criativas de sua porção feminina, digamos assim; e que as mulheres fazem exatamente o contrário, ou seja, deixam aflorar seu lado masculino ao criar. Jung considera como qualidades femininas a intuição e o sentimento orientado para o lado pessoal, enquanto as 
habilidades masculinas privilegiam a ordem, o pensamento e a organização. A partir disso,
 espera-se que, ao compor música, os homens tendam para a intuição e as mulheres à racionalização. 
Baseando-se em informações biográficas de Dora Pejacevic (a amiga de Schoenberg e Kraus acima citada), 
Younghi Pagh-Paan e de Alban Berg, as análises concluíram que Dora compunha de modo masculino, 
enquanto Paan e Berg escreviam à feminina (epa). Portanto, também não é possível atribuir um estilo 
composicional determinado ao sexo do compositor.
Resumo da ópera: recalcadas por tantos séculos, as mulheres usaram a bandeira feminista para contar 
uma outra história - a das mulheres na música. Aí o preconceito se inverte, mas o resultado permanece 
distorcido, como aponta o musicólogo Alastair Williams no livro Constructing Musicology (Ashgate,2001). 
Exumam-se cadáveres que mereciam permanecer sepultados, na grande maioria dos casos; deseja-se, no fundo, estabelecer cotas para as mulheres na música, como se faz hoje polemicamente com relação às raças nas universidades brasileiras: 'Virginia Woolf e Jane Austen não precisaram ser exumadas, nem as qualidades 
de sua escrita esperavam ignoradas para serem redescobertas. Mas há poucas, se é que há, mulheres 
compositoras disponíveis para estudo.' É rigorosamente verdadeiro. Garimpa-se, garimpa-se, mas, 
excetuando-se o século 20, são raros os nomes - e menos ainda os realmente consideráveis.
A conseqüência mais importante e benéfica de tsunamis como o feminismo e os 'cultural studies', 
dos anos 50 para cá, foi dar um safanão na musicologia, a disciplina guarda-chuva dos estudos musicais, 
que dormiu no berço esplêndido da música absoluta por séculos. Felizmente, hoje, não dá mais para continuar pensando a música de modo descolado da realidade social, cultural, econômica e política - como teimam em continuar fazendo, de modo anacrônico, diversos departamentos de música das universidades brasileiras, 
sobretudo as mais estreladas (que recusam sistematicamente proposta de teses de mestrado e/ou doutorado envolvendo aspectos sociais da música; por isso, as mais interessantes migram para outros departamentos, como história, literatura e comunicações). A música só ganha significado rebatida contra os panos de fundo citados.
 Claro que é possível descrever a música em termos de estruturas, mecanismos formais ou modelos de 
sonoridade, diz a musicóloga Carolyn Abbate em Unsung Voices (Princeton, 1991). O ridículo, complementa, é 'considerar tudo isso como análise neutra, uma espécie de nível zero da verdade objetiva. Já nos demos 
conta de que este nível zero é um lugar fictício'.
As mulheres, por exemplo. Julgar de modo neutro a produção das (raras) autoras que conseguiram tornar 
públicas suas obras nesse panorama de 'nível zero da verdade objetiva' é, diz com humor Carolyn Abbate, 
'como se a Lolita de Nabokov deixasse de ser a narração de uma história trágica com divertidos episódios pornográficos para se tornar simplesmente uma coletânea de belas palavras'. É o mesmo que faz Stravinsky 
em sua Poética Musical, na qual diz que a música é uma 'linguagem sem nenhum traço de conexão com a sociedade'.

Isso é encarar a música como pura sonoridade, postura anacrônica que dominou o estudo e a sua interpretação nos últimos 200 anos. E que hoje parece, aleluia, datada.

domingo, 6 de novembro de 2016

A Fala da Flauta!

Continuamos nossas aventuras musicais e assim quis desbravar um pouco do mundo da flauta transversal. Lembrando que estou seguindo o caminho de intérpretes que ficaram muito famosos e ajudaram a alavancar a popularidade e o aprimoramento de seus instrumentos.

E ainda, estamos também a cada encontro tentando pontuar obras que se destacaram por vendagem de discos ou valor histórico ou ainda pela beleza natural de composição.....

Sem delongas, fomos falar da importância e do virtuosismo do francês Jean Pierre Rampal, nascido em 1922.

Ele, assim como o Andrés Segovia no violão, incentivou a produção de obras para seu instrumento e levou a flauta a um patamar de solista inédito. Tocou no mundo todo e trouxe a história do instrumento juntamente com seu repertório para as grandes salas de concerto. Fez transcrições e soube levar o timbre suave e versátil da faluta para outros estilos musicais........

E depois de já conseguir fama e reconhecimento, gravou um disco que marcaria pra sempre a lembrança do timbre da flauta:

- A Suíte para flauta e jazz trio do também francês Claude Booling.


Esta obra foi algo revolucionário...........pois unia aspectos de música barroca com jazz e danças populares..........algo realmente belo e novo. Lançado em 1975 o disco vendeu muito e tornou-se um campeão de vendas, popularizando demais a obra e seus intérpretes.

Aqui vocês podem ver e ouvir algumas partes da suite.... Ouçam, pois é de grande beleza:
https://www.youtube.com/watch?v=1acIStlA1sQ

https://www.youtube.com/watch?v=zKx14ZLtCYI



Lembrando que a idéia da composição está numa forma muito popular do período barroco, que era a suíte, que se definia como um conjunto de danças contrastantes.

Aqui temos exemplos de movimentos rápidos e lentos também se contrapondo e aspectos de danças inseridos em cada música da suíte.

Vale a pena ouvir a obra completa...........

Eu destaquei uma curiosidade, que até os improvisos do piano foram escritos na partitura, dando uma grande unidade de obra clássica mesmo..........

Cada movimento em especial tem uma beleza única.

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Rampal foi sem dúvida o flautista mais importante que já tivemos e seu caminho foi seguido pelo irlandês James Galway, que também continuou a saga de levar a flauta para patamares de destaque. Além de tocar em orquestras todo repertório erudito, passeou pela música de cinema obtendo grande popularidade. 

O comum dos dois estava na suavidade do sopro e uma transparência em reproduzir notas rápidas com perfeição..............Vejam esta transcrição para flauta da famosa peça O VÔo do Besouro do russo, Korsakov.
https://www.youtube.com/watch?v=LI3wIHFQkAk

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O mais interessante foi que estes dois flautistas levaram a popularidade da flauta para lugares inimagináveis e o mais interessante era o comentário do Rampal sobre quem seria o maior flautista do mundo pra ele. A resposta era certeira:

- o brasileiro, Altamiro Carrilho nascido em 1924.............

Acredito que no Brasil, todo mundo já ouviu falar do carioca da flauta transversal e do flautim, Altamiro Carrilho. Foi compositor, improvisador  e também um intérprete fervoroso. Tocando um repertório muito amplo, desde as peças célebres para flauta, até os clássicos do chorinho e todo o universo popular.

Aqui também registramos que no Brasil, a flauta transversal sempre teve uma força muito grande como um dos principais instrumentos solistas das rodas de choro. E nossa tradição de grandes flautistas, é forte, como Patápio Silva, Benedito Lacerda, Pixinguinha....

Atualmente saiu um documentário pela gravadora biscoito fino, muito importante sobre a vida do Altamiro. Vejam o trailer:

Altamiro morreu em 2012, vivendo e tocando por toda a vida. Foi também um grande responsável por imortalizar a Flauta Transversal....

Aqui uma das últimas apresentações dele, tocando a música que é considerada o primeiro choro da história:

- Flor Amorosa de Antônio Calado e Catulo da Paixão Cearense.

................independente do instrumento....................a viagem é certa! Pesquisem e vamos rumo ao mundo maior, célebre e sentido, a arte maior dos sons!