Béla Bartók - o Gênio!

"Confusão de sons"? - Que seja! Se para eles é isso, o que para nós é consolo!

Que seja! O explosivo insulto

de copo se estilhaçando no chão,

o gemido de lima presa entre os dentes de serra,

são esses os sons que devem

aprender violino

e laringe - que não haja paz, não haja alegria

na dourada, altiva,

fina e reservada sala de concertos,

enquanto não houver nos corações enegridos pela dor!

"Conusão de sons"? - Que seja! Se para eles é isso, o que para nós é consolo:

nela vive a alma de seu povo,

e por ela se faz ouvir!

Mesmo que seja

a estridência de ferro e pedra se dilacerando

nas cordas afinadas do piano ou da garganta,

se for essa a condição para a vida anunciar

sua verdade atroz;

porque é precisamente essa"confusão de sons",

esse lancinante ai de luta,

perturbando o ruído do inferno, 

é que grita:

"harmonia!"

Porque é precisamente esse ai que 

- sobrepondo-se a tantas canções falsamente belas -

clama ao destino por harmonia,

por ordem, por ordem verdadeira, senão o mundo se perde;

o mundo se perde se não for

o povo a voltar a falar - majestosamente!

(Início do poema Bartók, de Gyula LLLyés - tradução de Klara Mori)

Retirado do livro - Nele vive a alma de seu povo -

Vida e obra de Béla Bartók de Lauro Machado Coelho

Allegro Barbaro