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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Devaneios com Shostakovich e Dvorák por Edson Emanuel.

A importância de um concerto ao vivo na vida de um estudante de música de conservatório é uma experiência ímpar e vital para qualquer evolução deste como músico.

Falo mais uma vez, professores e alunos não fiquem presos na sala de aula apenas cumprindo suas tarefas rotineiras de ensino e aprendizado. Vamos ouvir mais e principalmente criar oportunidades para assistir apresentações importantes.

E foi assim que Três Pontas recebeu uma visita inusitada e ilustre do Quarteto de Cordas Libertas, cujo integrantes compõem a atual Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.

E assim descrevo abaixo o relato emocionado do primeiro concerto de música de câmara do aluno de violino do conservatório de Três Pontas, Edson Emannuel.



Devaneios com Shostakovich e Dvorak - 


O que posso dizer da noite do último dia 8 de agosto? Meu Deus. São tantas coisas que fica difícil escolher alguma para começar, mas não direi tudo, apenas o essencial.

Já nos primeiros acordes do quarteto em E bemol maior de Antonin Dvorak, fui tomado por uma intensa emoção, meus olhos se umideceram, meu coração disparou. Sentado naquela poltrona senti meu corpo se desfazer em emoções e sensações jamais vividas. Ele não obedecia à razão e sim aos meus ouvidos e meu coração.

Escrevo agora sentindo resquícios daquele início tão "apaixonante", mas eu ainda não havia sentido tudo, apenas uma pequena mostra.

- Dvorák, como és perfeito! Touxeste ao meu coração toda paixão de adolescente. No ápice de seu quarteto percebi uma Europa jovem e bela impondo sua identidade, com todo aquele ardor nacionalista. Eu não estava mesmo em mim. Minha razão desapareceu de verdade e assim fiquei tão próximo da perfeição.

Mas tenho que agradecer aos músicos, ponte única para que eu pudesse obter tamanha graça. Eles foram de total virtuosismo, algo que nunca tinha visto antes tão perto de mim. Perfeitos e humildes. Cheguei a conversar com o violista e o violinista; eles se mostraram simpáticos e atenciosos.

Parto então para a segunda parte, na qual o russo Dimitri Shostakovich foi o compositor escolhido. Não nego que torci o nariz quando li no programa seu nome, mas música é algo que não se pode limitar. Digo que minha experiência com Shostakovich foi como um tapa direto na face, um tapa que desperta. Foi este que me despertou e me fez arrepender do nariz torcido inicial. Shostakovich mostrou-me o quanto sua música é profunda, descrevendo sua angústia e suas experiências de forma clara. Eu podia ver Hitler, Mussolini, Lenin e Stalin mutilando o povo do século XX. A agonia de uma europa sangrenta. Mas diria mais, diria que aquele quarteto traduz uma outra guerra, não de armas, mas de sentimentos, sentimento este que ainda existe em imensidão em nosso ser. Nossas privações, angústias, dores, remorços e mágoas que deixamos conflitar em nosso coração.

Basto agora dizer que a última noite do dia 8 de agosto foi de descobertas, mudanças e reflexões. Não se ouve uma música sem que ao seu término não nos tornemos diferente. Shostakovich e Dvorak me levaram ao "Devaneio", enquanto um me acalmou, o outro me agrediu e me abriu os olhos para todas as belezas da música.

Edson Emanuel.


(Edson é aluno de violino do Conservatório Heitor Villa-Lobos de Três Pontas, mas acima de tudo, um amante e pesquisador da música. Integra com outros alunos do conservatório, o Clube da Ópera e tem uma paixão especial por Giuseppe Verdi)

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